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Uma semana depois da tomada de posse da nova Administração, a equipa escolhida por Joe Biden vai fazendo o seu caminho. Há, desde logo, um registo de transparência nos contactos feitos, bem como no tipo de temas que foram objecto de conversa. E, tendo em conta, os curricula da primeira linha de Joe Biden, salta à vista o seu profissionalismo e conhecimento técnico. Neste ranking, penso que deve ser difícil ultrapassar a nova Secretária do Tesouro, Janet Yellen. Para além de ser a primeira mulher neste cargo tão importante, a sua carreira fala por si. Há muito que poderíamos destacar, mas penso que basta termos em consideração que Janet Yellen esteve à frente da Reserva Federal dos EUA. O seu currículo brilhante foi igualmente respeitado pelo Partido Republicano no processo de confirmação no respectivo Comité do Senado.
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Em matéria de holofotes políticos, a atenção principal será o novo Secretário de Estado, Antony Blinken, e também o Enviado Especial para o Combate às Alterações Climáticas, John Kerry. São dois nomes de peso que vão ser, certamente, importantes no estilo e no conteúdo relativamente ao papel dos EUA no mundo. Há depois os antigos candidatos à Presidência, Kamala Harris, agora a primeira mulher Vice-Presidente, e Pete Buttigieg, o secretário dos Transportes. Ambos têm ambições políticas e estarão certamente a pensar no Partido Democrata pós-Biden. E depois temos Avril Haines, que vai liderar a tarefa ingrata de articular a recolha de intelligence entre as várias agências. Parece fácil, mas não é, de todo. Mais ainda, com a situação presente relativa às ameaças preconizadas pelos movimentos extremistas domésticos. Outros nomes importantes são Jake Sullivan (voltarei a ele mais tarde), o Conselheiro da Segurança Nacional, Ron Klain, o Chefe de Gabinete de Joe Biden, e a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.
Há figuras igualmente importantes e cujo trabalho vale a pena seguir. Mas, a minha escolha recai sobre o novo Secretário da Defesa, Lloyd Austin. Confesso que, quando soube que seria ele o nomeado, fiquei surpreendida, pois pensei que finalmente Michele Flournoy ocuparia esta pasta. No entanto, depois de ler as razões que levaram à escolha de Joe Biden, percebo a sua decisão. Num artigo escrito para a revista The Atlantic, no início de Dezembro, Biden destacou que o conhece bem tendo sido o General Austin quem «desempenhou um papel crucial» na operação logística da saída das tropas norte-americanas do Iraque. Mais, Biden realçou o seu mérito militar - «200.º a chegar a general de quatro estrelas e o 6.º afro-americano» - bem como a sua «habilidade diplomática» e o facto de «reagir bem sob pressão». Mas, a grande razão da sua escolha é justamente a sua excelente coordenação logística, uma qualidade que vai ser fundamental «na distribuição das vacinas Covid-19 de forma abrangente e acessível a todos». E com este argumento a escolha de Joe Biden acaba por fazer sentido. Para Biden, o General Austin «partilha a sua convicção profunda de que os EUA são mais fortes quando lideram não apenas pelo exemplo do poder, mas pelo poder do exemplo.» Palavras tão importantes que foram repetidas no discurso da tomada de posse pelo agora Presidente Joe Biden.
*A Autora não segue o novo acordo ortográfico