Corpo do artigo
Durante as ultimas semanas, muito tenho falado em cortinas de fumo e em distrações do essencial. Mas a verdade é que é difícil abordarem-se outros temas quando temos o governo em trapalhadas sucessivas.
É difícil discutir-se os problemas do país ao mesmo tempo que é relatado que os membros de gabinetes ministeriais se agridem entre si ou que atiram bicicletas contra os vidros. É tudo demasiado surrealista. Demasiado Bizarro. Demasiado desconcertante para não nos absorver totalmente em preocupação com a forma como somos governados.
Embora, a novela de João Galamba e a sua onda de impacto esteja longe de acabar. Apesar de ser absolutamente notória a tensão entre Belém e São Bento. Apesar da falta de governança do Partido Socialista já se ter alastrado ao Parlamento, ainda ontem o Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP demitiu-se.
TSF\audio\2023\05\noticias\11\11_maio_2023_a_opiniao_miguel_pinto_luz_espera_que_resolvam_as_trapalhadas
Apesar do Partido Socialista continuar a obstaculizar os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito, negando, com o voto da sua maioria absoluta, o acesso a documentos que todas as outras bancadas consideram essenciais.
Apesar de tudo isto, o país não parou e os problemas continuam a adensar-se.
Foi notícia esta semana, um aumento substancial nos portugueses que não têm médico de família. Segundo o noticiado, trata-se de um aumento de mais de 25% comparativamente a abril do ano passado.
Durante um ano em que tanto se falou de saúde, em que se substituiu o Ministro, em que se nomeou o novo CEO do SNS, vemos que os resultados não são nada animadores.
O governo mostra-se incompetente para resolver a situação. Tenta inverter políticas, fazer verdadeiros peões ideológicos e estratégicos. Mas perdeu-se muito tempo. Caminhou-se demasiado na direção errada. Hoje, recuperar não vai ser nem rápido, nem fácil.
Falo da saúde, mas na educação, na justiça, nos transportes, tudo continua na mesma ou ainda pior.
Estas trapalhadas têm um custo. Não é só uma questão mediática, ou de queda nos estudos de opinião. Impedem o país de avançar, impedem a resolução dos problemas e não se resolvem com anúncios de medidas cosméticas.
Portugal precisa urgentemente de voltar a ter governo. Portugal não pode ficar congelado, parado à espera que resolvam todas as trapalhadas.
