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Com os milhões a chegarem de Bruxelas e a urgência de resolver problemas causadas pela pandemia de Covid-19, o Governo quer alterar o regime de contratação pública, aumentando os tetos para que se possam fazer ajustes diretos. Nisto, o anterior presidente do Tribunal de Contas viu riscos de "práticas ilícitas de conluio, cartelização e até mesmo de corrupção". Sabemos agora que o PS não está sozinho e conta com os mesmos de sempre para os momentos difíceis. Não, não estou a falar de Jerónimo de Sousa e Catarina Martins.
Na fotografia, ao lado de António Costa, nesta difícil questão da substituição do Presidente do Tribunal de Contas, é Marcelo Rebelo de Sousa que aparece a dar o seu acordo ao argumento de que estes cargos não são para renovações de mandato e é Rui Rio que aparece a dar boa nota pela escolha de José Tavares. O líder do PSD bem se esforça para se chegar para trás e não aparecer focado na foto de família, explicando que, por ele, Vítor Caldeira continuava, mas o jeitinho estava feito. Qualquer pesquisa no Google nos dá essa indicação: "Rui Rio foi decisivo na escolha de José Tavares", diz a SIC. "Marcelo vincula Rui Rio à escolha para o Tribunal de Contas", escreve o DN.
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As notícias mais recentes dão conta de mais um jeitinho que o PSD dá ao Governo e ao PS numa matéria que vai desgastando os socialistas na opinião pública. A notícia de que são também os social-democratas que estão a negociar com os socialistas a alteração ao regime de contratação pública, alteração que levou às críticas do presidente do Tribunal de Contas, dias antes da sua não-recondução.
Convenhamos, dá muito jeito ter a Esquerda na lapela, enquanto se enfia a Direita no bolso. PCP e Bloco de Esquerda estão ainda reticentes quanto à aprovação do Orçamento do Estado para 2021, mas os socialistas podem ficar descansados, enquanto se afirmam de esquerda ao elaborar o orçamento, piscando o olho ao outro lado, já sabem que o país não ficará sem orçamento.