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A caminho da celebração dos 50 anos do 25 de abril, as liberdades fragilizam-se e os extremismos agudizam-se. No parlamento, assistimos esta semana a mais uma polémica entre o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha.
Interpretações ideológicas e sociológicas sobre "o que é ser liberal" alimentaram um confronto desnecessário a propósito da vinda do Presidente Lula a Portugal por ocasião das comemorações da revolução de abril, no próximo ano.
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O presidente do parlamento recordou que o convite foi "objeto de análise em conferência de líderes" e obteve um acordo que "mobilizou praticamente todo os grupos parlamentares". E que as sessões de boas-vindas "não devem ser confundidas com afinidades ideológicas. "Quer dizer isso que estamos de acordo com todas as opiniões expressas por esses chefes de Estado? Não, sejam eles o Rei de Espanha, o Presidente de França, do Brasil, de Angola ou qualquer outro. Significa que essas divergências de política nos impedem de tratar esses países e chefes de Estado com o respeito, o afeto, e até, no nosso caso, o amor que a História e o presente justificam? Não, não impede", rematou.
Não só não podemos apagar a História como as liberdades - de opinião, expressão, imprensa, religião, pensamento político, etc - não são uma pluma num chapéu de um Estado de Direito, são, antes, o próprio chapéu. O pensador grego Heródoto, considerado o pai da história pelo filósofo Cícero, defendia que é preciso "pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro". Convém não esquecer esse ensinamento, sob pena de nos perdermos na espuma dos dias ou em utopias.