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Ao topo da tabela chega o countdown para o Sporting confirmar que é mesmo o potencial campeão e para os restantes provarem quem tem apetência Champions. É a vez da jornada que vai deixar o campeonato no último terço.
Sporting - Tem tudo nas mãos para ser campeão, depende unicamente da forma como souber gerir a vantagem pontual para a concorrência. É esta a missão de Ruben Amorim na última fase da temporada, agora que tem a renovação assegurada até 2024, numa espécie de desafio suplementar a um técnico que soube aproveitar com competência uma conjugação de fatores inesperados na época mais incomum de que há memória no futebol português.
Aparentemente, o Sporting terá feito o mais difícil nesta fase, ou seja, fechar o ciclo no Dragão mantendo a invencibilidade no campeonato.
O próximo teste de grau de dificuldade maior - a deslocação a Braga - ainda vem longe, pelo que o técnico só tem de continuar a lidar com o andamento exatamente com a mesma coesão que tem utilizado até aqui. É que mais importante do que o encontro no Minho é aquilo que o Sporting fizer até lá.
Por ora, os leões vão jogar quatro vezes em casa (Santa Clara, para começar) e três vezes fora. Portanto, o objetivo central é chegar a Braga conservando o avanço de, pelo menos, nove pontos para o segundo (seja ele qual for nessa altura).
Braga - Não seriam muitos os que adivinhariam que o campeonato chegaria a este ponto com os minhotos no segundo posto. Como se isto não bastasse, a equipa de Carlos Carvalhal assegurou a presença na final da Taça de Portugal, depois de uma meia hora demolidora em pleno estádio do Dragão.
Do trio que ainda procura uma entrada direta na Liga dos Campeões, partindo do princípio de que o Sporting o vai conseguir mais tarde ou mais cedo, o Braga sabe que as três partidas que se seguem são cruciais para perseguir o objetivo. O dérbi minhoto com o Vitória, com toda a carga emocional que um desafio destes envolve, depois a ida a Famalicão e, finalmente, a receção ao Benfica.
Liberto de preocupações adicionais até ao fecho da época (a tal final da Taça), o Braga tem aqui uma oportunidade de ouro para consolidar todo o trabalho realizado e apostar seriamente em algo que teria um significado histórico para o clube. Depois do que se viu, alguém duvida de que vai mesmo tentar?
FC Porto - Os tempos não estão fáceis para os dragões. Em duas partidas consecutivas em casa não venceu o Sporting e foi eliminado pelo Braga. Consequências: deixou o líder a dez pontos de distância e falhou a final da Taça. Resta-lhe cada vez menos na temporada.
Se esta semana foi para esquecer (ou lembrar, como defende Sérgio Conceição), a única saída para inverter o ciclo negativo é olhar para a partida com o Gil Vicente como de triunfo imperativo e para o duelo com a Juventus como um momento privilegiado de afirmação, consiga ou não eliminar os italianos.
É uma daquelas fases em que as opções para os dois encontros são determinantes. Portanto, os erros coletivos e individuais - e aqui integram-se jogadores e treinador - que marcaram as duas últimas partidas (e outras, lá mais para trás) não podem repetir-se se o FC Porto pretende voltar ao segundo posto do pódio, o último alvo realista que lhe resta. E Conceição terá alternativas para isso?
Benfica - É o único do quarteto da frente que ainda terá de defrontar os outros três até ao fecho do campeonato. O que pode ser uma tábua de salvação ou o acentuar de um percurso que tem navegado de deceção em deceção.
O Braga será o primeiro da sequência, na Pedreira, antes de receber FC Porto e Sporting (ambos mesmo na ponta final da maratona). O facto é que, desde o início da época, as águias ainda não venceram um único jogo de maior grau de dificuldade em qualquer competição.
Refugiando-se no discurso oficial que "explica" a má temporada com a Covid-19 e as arbitragens, Jesus garante que, agora sim, a equipa está a colocar a cabeça de fora. Mas irá a tempo? Da final da Taça provavelmente mas, se assim é, os efeitos têm de se ver já com o Belenenses SAD e em todos os desafios seguintes no campeonato.
A questão é muito simples: não lhe resta outra alternativa que não seja triunfar em todo o lado. Não apenas naqueles três duelos com os competidores diretos, mas em todos os outros. O que, para acontecer, obriga à criação de "outro" Benfica, porque aquele que se mostrou até ao momento é a antítese daquilo que diz querer ser.