A investigação preventiva movida pelo Ministério Público aos negócios de Luís Montenegro pariu um rato.
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Judicialmente, nenhum problema, a bem da nação e da governabilidade, porque o pior que pode acontecer aos portugueses e à própria democracia é caminhar para eleições com a frequência de quem vai ao supermercado comprar arroz. António Costa, antecessor de Luís Montenegro, demitiu-se por causa de buscas. O tempo passou e nunca foi acusado de nada. E pelo que se conhece do processo, nunca o será. A Spinumviva, antes de ser caso judicial, também esteve na origem da queda de um Governo. Mas o Ministério Público veio, agora, dar razão ao primeiro-ministro, embora em termos éticos e, sobretudo, na forma como não esclareceu os contornos do funcionamento da empresa com a rapidez que se exige ao político que ocupa o mais alto cargo executivo do país, talvez a oposição continue a incluir a questão no argumentário.
Desta vez, a Justiça até andou rápido, ainda que continue a evoluir a duas velocidades com pesos e medidas bem diferentes. À semelhança de Luís Montenegro, quantos portugueses não viram já o nome lançado ao escrutínio ignóbil e prematuro, vítimas de denúncias covardes e posteriores investigações que não deram em nada? No caso do primeiro-ministro - atendendo até ao trabalho minucioso dos investigadores, que Luís Montenegro fez questão de sublinhar -, o processo correu com rapidez e eficácia. Coisa pouco vista na nossa Justiça, que além disso se socorreu de um expediente jurídico, a investigação preventiva, escassas vezes aplicado ao comum dos cidadãos.
Como a lei é só uma e não prevê discriminações, seria bom que todos aqueles que são confrontados com situações idênticas fossem agraciados com o mesmo tratamento. Seria uma espécie de presente, como considerou o Procurador-Geral da República. Até porque o Natal devia ser para todos e não apenas para políticos.
