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Parece muito, mas é manifestamente pouco para as reais necessidades dos portugueses. Faltam casas no litoral, onde há gente a mais a viver e onde os turistas gostam de ficar quando nos visitam. E há casas, muitas casas, que permanecem sem gente e gente que vive sem casa.
O governo apareceu ontem com um pacote de medidas e, em abono de verdade, é preciso dizer que tem muitas medidas que fazem sentido, mas que tardavam em aparecer. E é claro que a ideia de não deixar as casas devolutas, obrigando os proprietários a colocá-las no mercado, até pode parecer inconstitucional mas é tão só a Constituição ser cumprida, na parte em que diz com todas as letras que todos têm direito à habitação.
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Parece que o pacote é sedutor nos benefícios fiscais para os senhorios que ajudarem a resolver o problema da falta de casas para arrendar, retirando-as do mercado de alojamento local ou fazendo contratos mais longos com os inquilinos. Sendo tudo isto, e outras coisas, um pacote de medidas na medida certa, pode é não ser capaz de ultrapassar o grande problema das políticas de habitação. Têm gerado uma grande desconfiança entre os senhorios, porque ninguém sabe quanto tempo vai demorar para aparecer um novo pacote "desta vez é que é".
Ouvindo o primeiro-ministro, ontem na TVI, ficamos pasmados com a tranquilidade com que nos diz que "o país esteve décadas sem verdadeira política de habitação, como se nenhum de nós se lembrasse de imediato que ele, António Costa, é o recordista de políticos com mais dias do governo. Quase seis mil dias nas últimas duas décadas e meia. Ainda nos lembrou que "ninguém" lhe ligou nenhuma quando no início dos seus governos, lá em 2015, falou de novas políticas de habitação. É uma altura para lhe perguntar, porque deixou que o problema da habitação crescesse como cresceu? Porque demorou mais de sete anos a tirar o coelho da cartola?