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Do Conselho de Ministros resultou o tão pretendido anúncio do alívio das restrições, e ainda que nenhuma alteração incidisse especificamente sobre as escolas, foi dado a conhecer o fim do confinamento por contactos de risco. A partir de agora, os alunos ficarão em isolamento apenas se testarem positivo.
Esta decisão é benéfica para o normal desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, mas essencialmente para a saúde mental de todos, sem exceção. Na verdade, o espaço escola é primordial e indispensável para a Educação, nas suas vertentes pedagógica, socializadora e promotora da igualdade e da equidade, enquanto valores e práticas consolidadas.
Com a aplicação desta medida, os alunos permanecem total ou maioritariamente na escola, como é devido, o que se saúda.
Manteve-se a obrigatoriedade do uso da máscara em sala de aula, mordaça que atrapalha a vida profissional dos professores e dos alunos, adereço absoluto desde março de 2020.
A voz dos professores é um dos seus principais instrumentos de trabalho, profusamente limitada no seu dia a dia e, pelo efeito, exigindo cuidados suplementares nos próximos tempos, tendo em conta o esforço anormal a que tem sido sujeita. Alguns docentes adquiriram um amplificador de som, por forma a diminuir o constrangimento que a máscara apresenta no seu desempenho, verdadeira barreira à comunicação, mais ainda quando em presença de alunos mais pequenos ou com incapacidades várias, que necessitam de adquirir competências articulatórias, de aceder às expressões faciais, importantes para compreender o estado emocional dos seus interlocutores.
As escolas dispõem de regras e procedimentos relativos ao Covid-19 que, creio, deverão ser sopesados e reavaliados, caso a caso, por forma a compatibilizarem-se com a nova realidade, e que resultem de pareceres dos peritos e médicos especialistas escutados pelo governo.
Os espaços de acesso condicionado, a circulação interna realizada em sentidos únicos (evitando cruzamentos), a formação de bolhas, a atribuição de uma sala a cada turma, a proibição de banhos no final das aulas de Educação Física foram várias das mudanças "exigidas" pela pandemia, implementadas nas escolas e que agora carecem de reapreciação, ainda que admita a revogação de algumas só no próximo ano letivo.
Ao fazê-lo, deveremos centrar-nos no bem-estar emocional dos alunos e na importância que a socialização salutar assume para estes, sendo certo que a valorização da saúde mental e a prevenção de situações de risco e sofrimento deverão merecer redobrada atenção de todos nós, escola e sociedade. O trabalho em rede e de proximidade entre as áreas da Educação e da Saúde é, e será cada vez mais, fulcral, impondo o reforço das equipas do Serviço de Psicologia e Orientação ao dispor dos estabelecimentos de ensino, pela excelente resposta e acompanhamento que realizam.
Transporto a esperança de, no mais curto espaço de tempo possível, a normalidade poder preencher o quotidiano das escolas, ciente que os seus profissionais tudo tent(ar)am para não deixar ninguém para trás, determinados a continuar a elevar a qualidade do ensino, reforçada pelo trabalho meritório efetuado com empenho e resiliência há quase dois anos.