"A Opinião" de Nádia Piazza, na Manhã TSF.
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Sexta-feira, dia 8 de março de 2019. Dia internacional da Mulher.
Dia 7 de março. Dia de luto nacional pelas vítimas de violência doméstica e de violência contra as mulheres.
Em Portugal despertamos para um trágico problema ensombrado por uma cultura machista há muito enraizada no nosso País. Os números falam por si.
Hoje vou falar em modo livre e, permitam-me, ser dura com a educação dos homens e mulheres no nosso país e sobre como as muitas mulheres, sem rosto e sem protagonismo, vivem os seus dramas pessoais e, mais cedo ou mais tarde, acabamos todas num sofá a dar dinheiro para a indústria farmacêutica com antidepressivos e afins.
Permitam-me que seja eu, sem rodeios.
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Quando hoje li que o problema de Portugal não eram os homens - e concordo - mas o machismo, só pude pensar, mas porquê?
Porque muitas mulheres são ótimas alunas, merecedoras de prémios internacionais, investigadoras renomadas, engenheiras e arquitetas, juízas e procuradoras - e são cada vez mais -, empresárias à força das circunstâncias ou por vocação, jornalistas sem medo, formadoras de opinião, mães a 'full time', cuidadoras, e não há igual tratamento pela sociedade e pelo Estado na dignificação das suas tarefas, incansáveis, sem horário e sem proveito?! É um constante ato de abnegação, de entrega pessoal.
Porquê almejar a igualdade e ganharmos duplas e triplas jornadas de trabalho?
Há claramente diferenças entre homens e mulheres na forma de fazer e sentir o mundo que os rodeia. Os homens resolvem problemas funcionais com mais facilidade. As mulheres resolvem problemas afetivos, onde a empatia se impõe, com mais facilidade. Talvez fruto da sua criação. Tiveram que ser empáticas para jogar no tabuleiro da vida. Mais dificilmente uma governante mandaria encetar uma guerra. Mas mais facilmente um homem acabaria com uma guerra já começada aniquilando os seus opositores. No primeiro caso, nem começaria. No segundo, terminaríamos vencedores. Isto porque, na minha opinião, a mulher não quer vencer, quer coexistir.
A melhor forma de tolher uma mulher é fazê-la princesa em pequena. A melhor forma de fazer um machista, é deixar que uma mãe crie um filho como um pequeno déspota.
8 de março. Quiçá chegue o tempo em que esse dia desapareça do calendário. É sinal de que demos um salto civilizacional. Até lá, vamos queimando sutiãs, empunhando cartazes, reivindicando igualdade de género e, sobretudo, criando novas gerações de mulheres e homens melhores do que nós próprios.