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António Costa a acusar políticos portugueses de estarem a conspirar internacionalmente contra o país, faz lembrar Viktor Orbán, o primeiro-ministro da Hungria que é acusado pelos seus parceiros europeus de não gostar muito do Estado de Direito. Esta comparação ocorreu à candidata presidencial Ana Gomes. A minha memória é mais curta e, quando me convocaram para mais uma dose de patriotismo, o que me ocorreu foi que esse deve ter sido o argumento que os apoiantes de Trump usaram para se convencerem a si próprios que fazia todo o sentido invadir a casa da Democracia.
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O primeiro-ministro português tem, aliás, de começar por acreditar em si próprio. Ou bem que a questão do procurador europeu não tem nenhuma relevância e é um não-assunto ou bem que tem força para ser o tema de "uma campanha contra o nosso país", engendrada por uns perigosos militantes do PSD que, ainda por cima, parecem contar com a preciosa ajuda do deputado Baptista Leite para infetar a polémica nomeação com o novo coronavírus.
Sabemos todos que acusações deste calibre revelam sempre uma fraqueza. António Costa está sozinho, a oposição quer a saída de Van Dunem, o Presidente da República também quer, mas está em campanha e ainda quer mais os votos socialistas e até a própria ministra chegou a pensar em ir-se embora, revelando que também ela, afinal, percebeu a gravidade do caso. Como pode constatar o primeiro-ministro, não há nenhuma teoria da conspiração que supere a realidade.