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Daniel Oliveira considera inevitável que a vacinação contra a Covid-19 se torne numa questão política, pelo que apela a que as decisões tomadas durante este processo sejam essencialmente regidas pelos pareceres técnicos dos especialistas.
No espaço de opinião que ocupa semanalmente na TSF, o jornalista começou por apontar que o processo de vacinação será um "desafio brutal" em termos logísticos. Na ótica de Daniel Oliveira, o Governo tem pela frente "três grandes tarefas": "definir prioridades com rigor técnico e tentando não ceder a pressões (que serão muitas)", "preparar o armazenamento [das vacinas]" e, por fim, "o processo da vacinação - que vai, seguramente, envolver o Serviço Nacional de Saúde, provavelmente os militares e talvez as autarquias, ou seja todo o país".
O comentador defende, no entanto, que os desafios políticos serão ainda maiores do que estes logísticos.
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A título de exemplo, Daniel Oliveira aponta o recente caso dos critérios de prioridade de vacinação. Segundo um documento provisório que foi tornado público, os idosos com mais de 75 anos não seriam abrangidos na primeira fase da vacina contra a Covid-19, o que foi prontamente condenado pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. A situação é classificada por Daniel Oliveira como "um mau prenúncio".
O jornalista antevê que, na primeira fase de vacinação, a pressão política seja "enorme", com cada grupo social a defender que deve ser prioritário e a demagogia a aumentar. E o facto de o processo de vacinação se iniciar durante época eleitoral só virá agravar a situação.
Daniel Oliveira afirma, por isso, que "é fundamental que a decisão dos técnicos seja muito relevante, porque estes estão menos expostos à pressão e à politização deste processo".
Para o comentador, nesta fase, é importante que haja "discrição por parte das autoridades de saúde, responsabilidade por parte da comunicação social e sangue frio por parte dos políticos", que "terão sempre a última palavra", mas têm de se basear nos conselhos dos especialistas de saúde e evitar que esta se torne numa questão marcadamente política.
Texto: Rita Carvalho Pereira
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