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O líder em Guimarães, um Benfica - Braga como cabeça de cartaz e um FC Porto atento aos desempenhos da concorrência. A jornada 7 antecede mais uma paragem do campeonato com tudo o que isso implica.
Claro que o encontro da Luz emerge como o principal foco de interesse. O segundo recebe o terceiro e, em qualquer circunstância, seria sempre motivo de atenção redobrada de parte a parte. Acontece que, desta vez, vêm ambos de uma etapa europeia com desfechos distintos.
Por vezes, a componente emocional pode ter um certo peso, mesmo sabendo que a esfera europeia é uma coisa e a esfera doméstica outra. De qualquer modo, o Benfica obteve um empate com "cara" de vitória frente ao Rangers, enquanto o Braga saiu de Leicester vergado a uma goleada.
É difícil prever que tipo de desgaste anímico isto pode provocar, sobretudo porque nem sequer há tempo para fazer mais do que a recuperação adequada e...voltar ao terreno de jogo.
Neste quadro - ou noutro - as águias partem com o favoritismo que determina o facto de alinharem em casa, mas também o de possuírem um plantel com múltiplas soluções de qualidade. A questão é saber como vai Jorge Jesus montar o onze ideal para este adversário concreto.
Já se percebeu que o processo defensivo continua a ser o calcanhar de Aquiles da equipa (só nos desafios com Boavista e Rangers sofreu seis golos), mas Jesus espera compensar isto com a componente ofensiva. Aliás, Darwin e Waldschmidt foram (quase) poupados na Liga Europa - até serem chamados "de emergência" -, eles que constituem a melhor dupla atacante do Benfica.
Por seu lado, Carvalhal quererá discutir o jogo com a prudência que se exige e, calcula-se, explorar as transições rápidas e as bolas nas costas da defesa encarnada que tantas dores de cabeça têm causado às águias. Na passada quinta-feira, por exemplo, redundou na expulsão de Otamendi.
O Benfica, que perdeu o primeiro lugar na última jornada com um desempenho catastrófico no Bessa, espera agora também por aquilo que possa suceder na véspera no D. Afonso Henriques. Poucos pensariam certamente, a começar pelos próprios, que a questão da liderança se colocaria ao Sporting à sexta jornada. Mas coloca e é exatamente por isso que a partida de Guimarães assume um papel muito relevante.
Ruben Amorim foi inteligente ao travar alguma euforia que possa surgir, porque ele sabe que, nesta altura, atirarem para cima da equipa leonina a obrigatoriedade de se bater pelo título pode ter efeitos perversos. Ele tem uma equipa muito jovem, em consolidação, que está a realizar uma boa campanha e que, por todas estas razões, não pode distrair-se com algo que vá para lá do clássico "jogo a jogo".
Tudo aquilo é verdade, mas o mais difícil é cruzá-lo com a realidade vigente. E essa determina que o Sporting é líder. Mais: dispõe de um contributo adicional que deriva do facto da concorrência direta estar também empenhada nas competições europeias.
Portanto, nada como manter o foco naquilo que vai surgindo pelo caminho. Agora é o Vitória, uma equipa com aspirações a um lugar europeu na próxima época e a que menos golos sofreu (apenas três em seis partidas). Ou seja, um teste de nível superior a este Sporting. Se passarem incólumes, os leões podem continuar a alimentar o sonho de um regresso à Champions. Com ou sem título.
Dos candidatos à conquista do campeonato, o FC Porto é aquele que, em termos puramente teóricos, pode ter a tarefa menos complexa. O Portimonense tem algumas virtualidades, mas nada comparáveis à maior capacidade individual e coletiva dos dragões.
De resto, a equipa portista ultrapassou muito bem o desastre de Paços de Ferreira com uma exibição categórica frente ao Marselha. Sérgio Conceição conseguiu "recentrar" o equilíbrio de uma equipa que foi vulgar na jornada anterior, passando para um conjunto personalizado e adulto num contexto nada fácil como é o da Liga dos Campeões.
Quer isto dizer que terá havido um excesso de avaliação de quem preconizava uma crise na sequência da Mata Real. Aliás, já temos o conhecimento suficiente da forma como o FC Porto reage às adversidades para não ficarmos surpreendidos com a resposta dada poucos dias depois.