Afinal, há um país bonito que funciona. Não é novidade, todos sabemos bem disso, mas o discurso político tem estado crispado, pintando este nosso Portugal com cores que muitas vezes não batem mesmo com a realidade.
Cada vez que viajo, tenho a doce nostalgia do regresso ao ninho e o prazer de saborear como é tão bom viver em Portugal. Adoro viver aqui.
Estes últimos dois dias mostraram, calmamente, essa realidade de eficácia, competência e serena afirmação da importância do Serviço Nacional de Saúde. Uma das bases da nossa democracia e uma das grandes conquistas da revolução de Abril.
O protagonista é Marcelo Rebelo de Sousa, que foi recebido no Hospital de São João, no Porto, para avaliar uma indisposição, que afinal era mais do que isso.
A notícia correu de imediato, com o Hospital a comunicar de forma invulgarmente eficiente o que estava a acontecer e os passos que iriam ser dados.
O país ouviu e percebeu que Marcelo estava com os melhores, com um carinho que ficou espelhado no rosto sereno da médica que falou connosco em direto, sem alarmismos nem demagogia.
No fim da operação, já com a noite alta, nova mensagem, com um rigor que mostra que afinal parece fácil explicar as coisas, mesmo quando elas parecem complexas.
O Estado deve olhar com muita atenção para estes dias e aprender a fazer bem, a não tentar esconder e a mostrar aos portugueses a realidade das coisas.
O Hospital de São João tem sido uma unidade de excelência, sem grandes polémicas, com uma gestão competente, enfim, um verdadeiro exemplo na saúde paga por todo nós. Não é o único a mostrar que a narrativa do país de corruptos, onde tudo está mal e nada funciona, não assenta na larguíssima maioria do país, que é competente, cioso do seu trabalho, eficaz, mas que não chega com estes exemplos romper as fortíssimas máquinas de comunicação que nos tentam convencer que vivemos no meio do caos. Não é de todo verdade.
Obviamente há muito a fazer neste campo da saúde, mas o que se pergunta depois destes dias é por que raio não se aprende de vez com os bons exemplos e se transforma o Serviço Nacional de Saúde?
Porque é que não se quer comunicar bem, atempadamente, evitando polémicas, especulações e limitando as narrativas de intriga que se apoderam da bolha que vive no Terreiro do Paço?
Felizmente, este nosso país terá muitos defeitos, mas ainda é um espaço fabuloso para se viver.
