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O "Leão Africano" é o maior exercício militar, com a presença de tropas americana, em África e decorre desde 6 de Junho até dia 30 em Marrocos, Senegal, Tunísia e Gana e também conta com uma diversidade enorme de militares de outros países, como Brasil, por exemplo. Os argelinos, não participantes neste exercício, mantiveram a lupa sobre este evento e ruído que se gera sempre à volta, sendo que a polémica mais acesa foi sobre a participação de Israel. Uma agência de notícias deu essa notícia e os marroquinos e o Le Monde multiplicaram-na pelo planeta, enquanto os argelinos diziam que nem como observadores Israel está presente, apontando a única fonte credível o Exército americano, que nunca mencionou ou confirmou a presença israelita.
Este exercício, há muito previsto e programado, acontece precisamente no momento em que "a paz está cada vez mais fria" entre Marrocos e Argélia, a propósito da disputa sahraoui. Esta questão sobre a presença de Israel, não é de negligenciar, já que a aliança entre Marrocos e Israel, cada vez mais militar, muito tem pesado e em muito poderá pesar na consolidação da sua posição no já Sahara Marroquino de facto.
Espanha/Argélia/Marrocos
Entretanto, a Espanha advertiu esta semana a Argélia, a propósito do cancelamento das importações com destino à Argélia e de origem espanhola, que o reino ibérico enquanto membro da União Europeia (UE) vê nas agressões comerciais argelinas uma agressão à UE, o que poderá trazer consequências inesperadas. A UE, na lógica da guerra da Ucrânia, com foco na Rússia e seus aliados, vê na Argélia o grande aliado russo no Magrebe e poderá utilizar a "bomba atómica diplomática", reconhecer em bloco a soberania marroquina sobre o Sahara. Esta disputa norte africana, demasiado próxima da Europa, há muito que tem sido assunto transparente para a UE, mas as alterações provocadas pela guerra na Ucrânia, decretam as mudanças necessárias, sendo aqui que tudo depende das lideranças, das leituras políticas que se fazem e da coragem de o executar.
Na fronteira Marrocos/Melilla, dia 25 de Junho registaram-se 23 mortos, durante vaga de dois mil migrantes que tentaram aceder a território espanhol, mais propriamente em Melilla, no norte de Marrocos. Desta forma também se confirma a diferença de postura das autoridades marroquinas, após o acerto de relações com Espanha.
A Acontecer / A Acompanhar
Até 30 de Outubro continua a decorrer a exposição "Love-Marrakech opened my eyes to color - Yves Saint Laurent", no Palácio dos Duques do Cadaval, Évora.
Raúl M. Braga Pires é autor do site Maghreb-Machrek, é Politólogo/Arabista e escreve de acordo com a antiga ortografia
