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Continua nos Emirados Árabes Unidos a cimeira das Nações Unidas pelo Clima. Como em todas as COP, o anfitrião esforça-se por se apresentar como paladino dos direitos humanos e da proteção ao ambiente. Mas nos Emirados Árabes unidos, apesar do glamour que o dinheiro provoca naquelas bandas, nem tudo reluz.
Ahmed Mansoor é um poeta, blogger e defensor dos direitos humanos nos Emirados Árabes Unidos, atualmente está preso em Abu Dhabi. É casado e tem quatro filhos.
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Era uma das poucas vozes nos Emirados que transmitia informação credível e independente sobre as violações de direitos humanos naquele país. O seu "crime" foi o de "publicar informações falsas para prejudicar a reputação dos Emirados Árabes Unidos no estrangeiro". Esta acusação foi feita com base na sua participação em conferências públicas sobre direitos humanos no país e no discurso que proferiu ao receber o Prémio Martin Ennals em 2015. As acusações também se basearam em mensagens de WhatsApp que trocou com organizações de direitos humanos como a Human Rights Watch ou a Amnistia Internacional.
As primeiras audiências duraram entre três e cinco minutos. Nas outras o juiz pediu que lhe fossem dados pelo menos os direitos básicos de um prisioneiro, incluindo visitas da família e telefonemas para a mesma. Estas ordens foram ignoradas.
Atualmente passa os dias numa cela em isolamento. Sem acesso a uma cama - dorme no chão. Sem livros, sem televisão, rádio, papéis ou caneta. Só pode sair da cela três vezes por semana e durante poucos minutos.
A Amnistia Internacional tem uma petição a decorrer por ele na sua campanha de final de ano: a maratona de cartas.
Os Emirados Árabes Unidos podem querer silenciar e esconder em celas de escuridão as vozes incómodas e o pensamento livre. Mas não conseguirão. Estamos aqui.
Por ele e por todos, todos os dias e especialmente hoje que é o dia internacional dos defensores de direitos humanos.
