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Progressivamente, os alunos dos diversos anos de escolaridade entram na merecida pausa prolongada de verão, sendo os mais novos, do pré-escolar e do 1.º ciclo, os últimos a usufruírem das merecidas férias, sabendo que em setembro estarão de regresso a um espaço onde são felizes.
Por estes dias, o pulsar das escolas é ainda intenso e exigente. Os exames nacionais iniciaram-se ontem, convocando milhares de alunos e professores, que durante as próximas semanas terão trabalho acrescido, enredados na habitual azáfama para conclusão do ensino secundário e, num grande número de casos, rumo ao ensino superior.
As provas de aferição arrancaram no dia 3 do presente mês para alunos dos 2.º, 5.º e 8.º anos de escolaridade e continuam a ser aplicadas em paralelo com o projeto-piloto, que dita a sua realização em formato digital, procedimento a ser generalizado em 2025. No 9.º ano, as provas finais de português e matemática, com aplicação agendada para 21 e 23 de junho, assumem, globalmente, um cariz de prova de aferição. Ao contrário dos resultados dos exames, as provas de aferição não têm impacto na classificação final das disciplinas avaliadas, antes porém, destinando-se a "recolher informação relevante, em particular no que se refere ao grau de desenvolvimento, à consolidação das aprendizagens e aos desempenhos dos alunos nas várias disciplinas."
E a passos largos, o ano letivo caminha para o seu fim, na certeza de que foi dos mais atípicos de que tenho memória, pontuado por duas realidades que nos devem merecer cuidados: a pandemia e a escassez de professores.
No primeiro semestre (até finais de janeiro, inícios de fevereiro), os diretores foram sobrecarregados com a gestão da COVID e, pese embora as aulas continuassem a decorrer no espaço físico habitual, o certo é que assistimos a um vai e vem constante de alunos, professores, técnicos especializados, assistentes técnicos e operacionais entre casa e escola, numa escalada assaz alarmante. Apesar dos constrangimentos descomunais alavancados por esta situação ímpar, as escolas continuaram a cumprir a sua função, acrescida de uma marcada componente social, devendo ser atribuída nota máxima a todos os seus profissionais. E também aos discentes, resilientes, esforçados e envolvidos.
Parabéns!
E, ainda assim, o pesar invade-nos! A falta de professores é um problema concreto já com contornos de pandemia. Este governo declarou-o uma das suas prioridades, o que se saúda, tendo aplicado, numa 1.ª fase, algumas medidas administrativas, mas que só residualmente atenuarão uma ínfima parte da tormenta. A solução convoca, obrigatoriamente, o ministério das Finanças. A exigida dignificação e valorização da carreira docente envolve, necessariamente, um forte investimento nos recursos humanos de uma profissão politicamente desvalorizada, que carece de maior atratividade, da atribuição de apoios, entre outros, para a deslocação e estadia, da alteração do modelo de avaliação de desempenho, do rejuvenescimento do corpo docente, do reforço da norma-travão, ampliando a sua abrangência, etc..
É verdade que faltam outros profissionais no país (médicos, enfermeiros, e tantos mais), e devemos solidarizar-nos com todos, mas se nas nossas escolas faltarem professores, a sociedade deixa de ser tal como a conhecemos, pois estes sustentam as aprendizagens necessárias à existência de profissionais para as diversas áreas.
Cumpre fazer-se mais e melhor. A Educação merece e agradece!