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Os homens e mulheres do dinheiro reuniram-se em Lisboa. A recuperação económica, tão desejada por todos, dominou a reunião do_Eurogrupo e Econfin, ontem, no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, cuja sede é o Centro Cultural de Belém. Christine Lagarde falou em "divergências" na forma como as nações vão recuperar.
Cada país terá o seu ritmo e o avanço da vacinação contra a covid-19 será decisivo para reanimar as empresas e a confiança dos consumidores e dos investidores. "Acreditamos que dada a incerteza do que estamos a enfrentar, e a divergência do que vamos observar, que as políticas coordenadas e de apoio continuarão a ser necessárias nos próximos meses, para assegurar que a recuperação está bem em marcha", disse a presidente do Banco Central Europeu (BCE).
Lagarde lembrou ainda que há quem recupere da crise só em 2023 e salientou a importância de manter apoios para aqueles "que provavelmente não vão ver a situação restabelecida em 2022".
A líder do BCE refería-se às pessoas que ou estão atualmente em subemprego, ou seja, com trabalho a tempo parcial, por exemplo, ou em inatividade. A fragilidade social é grande em Portugal e na Europa e a antiga líder e mão de ferro do Fundo Monetário Internacional (FMI) não quis deixar de o sublinhar aqui, em Lisboa. Ao mesmo tempo juntou ao seu discurso assertivo um pedido: "atenção especial" para o um possível crescimento do crédito malparado na zona euro, e para "o provisionamento que está a começar a ser retirado pelos bancos". Mais: "Vamos observar mais falências", alertou, "porque têm sido dramaticamente baixas nos últimos meses, e irão certamente subir". Lagarde tem razão.
Apesar dos alertas, permanece um certo optimismo entre os líderes para os próximos meses de verão, como uma especie de rearranque simbólica da atividade económica. Para o verão em portugués, o governo lançou novos apoios ao turismo para que os próximos meses possam ressuscitar o setor. Além do ivhoucher e do reforço das vacinas para o Algarve, o executivo vai apoiar a reestruturação dos créditos sob moratória nos setores mais afetados pela pandemia, prestando garantia de Estado sobre parte da dívida para "incentivar" os bancos a estenderem a maturidade e concederem "alguma carência". Um dos mais afectados é, claramente,o do turismo e da restauração.
Boas notícias para estas áreas e também para os bancos que não querem ficar "com o menino nos braços". Assegurar que a dívida gerada antes da pandemia da covid-19 pode ser reembolsada num prazo mais largo e pode ter alguma carência de reembolso de capital no primeiro ano ou dois anos é ogrande objectivo. Ontem , na apresentação do Plano Reativar o Turismo| Construir o Futuro, o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, salientou que tudo "isto exige um trabalho com o setor bancário e exige, por parte do Governo, a capacidade de aportar algum nível de garantias a esta dívida, que vai ser mais longa".
Mas mais vale investir agora, em antecipação, do que deixar para mais tarde a hipótese de sarar uma ferida que poderá tornar-se insarável.