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6.428 milhões de euros foi o valor extra em impostos arrecadados pelo Estado em 2022, sendo que grande parte se deve à subida da inflação. É dinheiro que vem dos impostos dos portugueses, um valor absurdo e que se torna imoral quando se olha para a degradação dos serviços públicos ou para a forma como este dinheiro é, tantas vezes, desbaratado.
Portugal vê o seu salário médio aumentar pouco e o custo com a habitação ou com a alimentação a disparar.
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Arrendar é cada vez mais caro: as rendas médias disponíveis no Imovirtual subiram, num ano, de cerca de 1000 euros para quase 1500 euros. A taxa de juro também subiu e levou as prestações (quase) a duplicar.
Nas idas ao supermercado, sentimos todos o aumento: o cesto básico que rondava os 188 euros agora já não vem completo por menos de 219 euros.
Os portugueses estão, outra vez, "à rasca". Mas o Governo prefere encher os cofres ao invés de ajudar os que mais precisam.
Há demasiado desperdício. Desde os famosos 3,6 mil milhões desperdiçados na TAP, aos 1,8 mil milhões de euros de dívida da CP que o Estado vai pagar. Também no orçamento da saúde, que cresceu mais de 4 mil milhões de euros desde 2015, mas cujos resultados práticos podem ser espelhado pelo aumento de meio milhão de portugueses sem médico de família, totalizando 1,5 milhões de pessoas.
Ou seja...
Temos um primeiro-ministro "Tio Patinhas", que prefere encher a sua caixa forte e gastar nos seus fetiches ideológicos do que cumprir a função redistributiva do Estado.
Um Governo de vistas curtas, insensível e imoral. Um Governo que primeiro põe as culpas da subida dos preços da alimentação nos supermercados e depois vem anunciar um cabaz de IVA zero negociado com esses mesmos supermercados.
Sejamos sérios: a baixa do IVA deste cabaz representa uma poupança para as famílias muito pequena. Tão pequena como o aumento de 1% nos salários da função pública que na média representará menos de 10 euros líquidos por mês.
Dir-me-ão que é melhor que nada. Sem dúvida. Mas sejamos novamente sérios: com quase mais 6,5 mil milhões de euros arrecadados, o Governo podia - e deveria! - fazer muito mais.
Sabemos que até a inflação baixar teremos de fazer esforços. E que não será fácil. Mas o país não pode aceitar sair do ciclo inflacionista, com as casas entregues ao banco, as famílias na miséria a economia destruída, enquanto o Governo se banha em dinheiro dos nossos impostos.
