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Neste espaço de opinião já elogiei e muito a equipa da Administração Biden. Hoje quero destacar, uma vez mais, o papel do Secretário de Estado Antony Blinken, que tem sido um verdadeiro motor da cooperação entre aliados transatlânticos. E, por entre, as muitas viagens, reuniões e cimeiras quero enfatizar a sua ida na sexta a Helsínquia, capital da Finlândia, país com cerca de 6 milhões de habitantes. O discurso de Antony Blinken foi notável e a crítica à Rússia teve grande destaque, em especial, a expressão "fracasso ou falhanço estratégico". Mas, para mim a parte mais importante deste discurso foi o modo como Blinken captou tão bem o sentimento dos finlandeses face ao que tem acontecido desde o dia 24 de fevereiro de 2022.
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Nas suas palavras: "Antes da invasão a toda a escala da Ucrânia pela Rússia, um em cada quatro finlandeses apoiava a adesão à NATO. Depois da invasão plena, três em quatro passaram a apoiar a adesão. Não foi difícil aos finlandeses imaginarem o que estava a acontecer com os ucranianos. Tinham sentido o mesmo quando em novembro de 1939 a União Soviética invadiu a Finlândia. Tal como a alegada «operação especial» contra a Ucrânia, também a dita "operação de libertação" da URSS tinha acusado falsamente a Finlândia de provocar a invasão. (...) Tal como Putin na Ucrânia, quando Estaline foi incapaz de superar a resistência feroz e determinada dos finlandeses, passou a empregar uma estratégia de terror, incendiando aldeias inteiras e bombardeando tantos hospitais que os finlandeses começaram a cobrir os símbolos da Cruz Vermelha nos telhados. Tal como os milhões de refugiados hoje, centenas de milhares de finlandeses foram expulsos das suas casas durante a invasão soviética. Incluídos nesses refugiados estavam duas crianças, Pirkko e Henri, cujas famílias tiveram de deixar as suas casas na Carélia - a mãe e o pai do nosso anfitrião, o presidente da câmara desta cidade. Para muitos finlandeses, os paralelismos entre 1939 e 2022 eram demasiado óbvios. A reação foi visceral. E não estavam errados."
Antony Blinken foi capaz de traduzir com estas palavras a essência da nação finlandesa. Faz falta esta empatia. Mesmo, ou especialmente, entre os europeus cuja geografia é bem mais distante da Rússia.
Desejo a todos os ouvintes uma boa semana.