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Desenhar uma nova história comum foi o desejo manifestado pelos líderes da Europa e de África reunidos no final desta semana, em Bruxelas. O que nos une, enquanto povos, é muito mais do que aquilo que os separa. A história é comum, os laços familiares e de amizade também.
Claro que nem todos os momentos foram de paz e amor, mas também as adversidades poderão ser momentos de "aprendizagem, para construir uma nova história a quatro mãos", como referiu o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. Na prática, o líder europeu espera que, a partir deste encontro, seja possível "a construção de um espaço comum de prosperidade".
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Todos estão de olhos postos em África, não são só os portugueses, não só os europeus. Olhando para Angola, por exemplo, os brasileiros e os chineses prosperaram fortemente por essas terras ao longo da última década a que se juntaram também russos e, cada vez mais, turcos. Alguns povos europeus, cuja presença era menos comum por terras da Rainha Ginga, como foi o caso de espanhóis, italianos e alemães, também perceberam que por ali havia oportunidades de negócio e investimentos únicos e avançaram.
Com o intuito de desenhar a tal "nova história" comum, os líderes europeus realizaram a cimeira de dois dias, com os dirigentes da União Africana. O objetivo da cimeira, que juntou 70 delegações da União Europeia e da União Africana, era o de recuperar os laços com um continente onde outros atores vão tomando posições firmes.
Irão a tempo? O presidente da Comissão da UA, Moussa Faki, respondeu: "África desenvolve uma diversidade de parcerias, que não têm a mesma história nem a mesma amplitude desta que é a nossa parceria com a Europa, mas as novas parcerias não são menos pertinentes, nem menos vantajosas para África". Afirmou, em jeito de sublinhado, que "desse ponto de vista, são dignas de respeito e de serem levadas em conta".
A Europa respondeu com inovação e investimento. A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, anunciou que uma parte do pacote de investimentos de 150 mil milhões de euros será aplicada em "energias renováveis", que são "abundantes em África". O continente "tem energia solar, eólica e hidroelétrica", afirmou, e delas depende "o desenvolvimento económico sustentado".
O presidente da UA saudou a oportunidade "para um novo começo", proporcionada por uma cimeira que traz uma oportunidade de "parceria renovada". Mas deixou bem claro que os africanos não estão sozinhos. São uma noiva muita desejada. E os portugueses e a Europa ou percebem isso ou vão perder o comboio para outras latitudes geográficas.