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Depois de um mês intenso de fintas, toques, passes, faltas, jogadas e golos chegámos ao fim do Campeonato Europeu e da Copa América. No fim de todos estes esforços chegaram ao Olimpo a Itália e a Argentina derrotando respetivamente duas seleções que estavam a jogar em casa e, mais ainda, em estádios que são as suas catedrais em termos de futebol: Wembley e o Maracanã. Durante estas competições várias cidades europeias e brasileiras foram palco de muitas emoções, rivalidades, sonhos e desilusões.
Ao longo destas últimas quatro semanas tivemos também muitos e bons exemplos. Momentos que nos fazem pensar duas vezes sobre o que é verdadeiramente importante. Em termos de fair-play o pontapé de saída foi dado pelo jogo quase fatídico entre a Dinamarca e a Finlândia, que tão cedo não vamos esquecer. Também podemos destacar as palavras do treinador da seleção espanhola, Luís Enrique, que depois da derrota dolorosa na meia-final face a Itália, deu os parabéns aos vitoriosos. São formas de estar e de sentir que dignificam o futebol.
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Mas, sem dúvida, que em termos de rivalidade e historial de jogos difíceis de arbitrar os holofotes estavam centrados no outro lado do Atlântico. A final entre o Brasil e a Argentina não era apenas um jogo entre países do mesmo continente, mas sim entre dois colossos do futebol e representando uma rivalidade daquelas que é muito, muito difícil de traduzir em palavras. Um dos barómetros óbvios para quem gosta e segue o futebol com atenção são os cânticos dos adeptos. E neste registo a história entre a canarinha e a albiceleste não desilude de todo.
E depois, caros ouvintes, tínhamos o ingrediente especial: os grandes craques da Argentina e do Brasil, Messi e Neymar, ali estavam à procura da glória pelo seu país. O jogo foi durinho, mas nada de extraordinário. E quando o árbitro apitou ... os jogadores argentinos correram para o seu capitão, que estava em lágrimas. É uma das imagens mais bonitas que guardo destes Campeonatos de 2021. Igualmente bonitas e sobretudo elegantes foram as do abraço no meio dos festejos argentinos entre Messi e Neymar e a guarda de honra que a albiceleste fez à canarinha.
É evidente que a enorme amizade entre estes craques é um fator a ter em conta, amizade que é partilhada com Luis Suárez da outra grande seleção rival, ou seja, o Uruguai ou simplesmente La Celeste. Esta amizade resulta daqueles tempos vividos pelos três no Barcelona, um clube no qual perdemos quase a conta às assistências e aos golos deste trio.
Em matéria de festejos o tom foi dado pelo capitão Messi à sua seleção, mas tendo em conta a fome de títulos internacionais da Argentina (desde 1993) e ainda por cima contra o grande rival e no Maracanã ... poderia ter sido tudo muito diferente e até expectável. Mas os vários gestos de Messi revelaram a elegância e a classe dos verdadeiros campeões dentro e para lá dos relvados.