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Nesta crónica quero propositadamente ser provocador.
Começo por lhe dizer que as mulheres são seres com menor capacidade de pensar que os homens e que nem sequer deveriam votar.
Que o lugar das mulheres é em casa e no mercado de trabalho não podem assumir cargos de responsabilidade porque são limitadas.
Digo-lhe também que em Portugal só podem viver homens brancos do um tal puro-sangue lusitano, que julguei ser apenas coisa de cavalos. Todos os que não sejam brancos, mesmo que tenham nascido cá e filhos de várias gerações, têm que ser expulsos... num grande movimento de limpeza étnico.
Quem me conhece já está a dizer... o João está louco...
Não, não estou... estas ideias foram defendidas assim no Porto este fim de semana. Sim... e na sala, que ficou às escuras para os jornalistas não conseguirem identificar ninguém, estavam várias mulheres e muitas delas bem jovens. Pelos vistos acham que isto é assim... ou então teriam saído dali em protesto e mudado de seita.
O tema até entrou no debate político, com mensagens de um partido parlamentar a ser apresentada nesse sinistro encontro, com total solidariedade com o movimento que defende estas coisas. As mulheres desse partido que apoia esta gente devem também concordar com isto, ou então já teriam mostrado a sua capacidade de pensar e colocado as coisas no sítio, como só as mulheres sabem... mas não... não aconteceu nada.
Vamos agora pôr as coisas ao contrário
Imagine que eu defendia que alguns homens têm menos capacidade de pensar e nem sequer deveriam votar ou estar no mercado de trabalho em cargos de decisão, por serem limitados.
Que o seu lugar nem sequer deveria ser em casa por total inaptidão de lidar com o complicado livro de receitas e com o fogão...e muito menos com a complexidade de uma máquina de lavar roupa.
Esses homens, ficariam apenas com trabalhos braçais, sem pensamento nem opinião.
Claro que isto seria também uma estupidez, mas é uma opção.
Imaginem o que se diria. Radical, estás maluco... não digas isso assim logo dos homens.
O que me pergunto, nesta altura em que celebramos 50 anos de liberdade em Portugal... é como é que é possível ter gente a pensar assim sobre as mulheres e muito mais grave... haver mulheres que aceitem que as coisas poderiam um dia ser assim.
Admiro a capacidade e organização e pensamento das mulheres e acho que elas são seres especiais que agora podem e devem votar, uma conquista de abril. Nos tempos da outra senhora, antes da revolução, não havia eleições livres, mas elas também não podiam votar. Diria mais... se elas votassem mais... certamente não haveria figuras, que se dizem homens... a defender coisas típicas da idade das trevas.
Se vos apetecer... pensem lá nisso e não fiquem no a dormir no sofá à espera que estes movimentos cresçam ainda mais e um dia tomem de assalto a nossa democracia. O trágico é que as coisas seriam sempre bem piores que as promessas que eles agora fazem... ainda em liberdade.
