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Há anos que o frenesim gerado pela publicação do vulgarmente apelidado de ranking das escolas prende a atenção do país e cria um mal-estar, creio que generalizado, para quem sente a Educação na primeira pessoa, se permite inspirar pelos valores e pelos princípios que esta potencializa e, principalmente, pela identidade própria que cada comunidade educativa pretende, consciente e pluralmente, assumir ao longo de um percurso participado que melhor serve a realização de aprendizagens múltiplas, a efetivação de progressos e a felicidade dos seus discentes.
Ora, estamos a pouco menos de uma semana de ser dada a conhecer (sexta-feira, 8 de julho), a graduação peçonhenta dos estabelecimentos de ensino, numa leitura enviesada e cerceada, que valoriza sobremaneira os resultados obtidos nos exames, faz cair por terra, injusta e incompreensivelmente, o trabalho de excelência que as escolas fazem, Os progressos meritórios dos seus alunos são desprezados, passando, pelos motivos óbvios, ao lado de critérios fundamentais que colocam muitas destas instituições num lugar cimeiro nos percursos diretos de sucesso, mas pouco abonatórios nesta listagem classificativa.
Impera uma lógica de sensacionalismo mediático, que fomenta comparações absurdas de realidades e de projetos díspares. Os dados que os media tratam de uma forma aparentemente ligeira, servem vaidades e criam desilusão e inquietude. Equivocamente, ignoram a qualidade das diferentes dimensões do processo de ensino/aprendizagem, colocando em evidência desempenho dos alunos num momento avaliativo, que tão pouco lhes reconhece capacidades associadas à personalidade e ao comportamento humano (soft skills), importantíssimas para o seu projeto de vida.
Deixe-se de vez de viver em função do mito da melhor escola e centrem-se nos indicadores que permitem a compreensão holística dos alunos e das escolas que correspondem à sua heterogeneidade, que se encontram a fazer um caminho honesto e construtivo em prol da sua comunidade, que criam condições para que todas as suas crianças e jovens, em cada fase do seu desempenho, sejam agentes envolvidos da sua aprendizagem, numa preparação evolutiva que os leva a crescer como seres humanos envolvidos, motivados, solidários e críticos.
Importa que se reconheçam os contextos de vida dos alunos, os suportes que as famílias lhes conseguem disponibilizar, as oportunidades que lhes são ou não garantidas e que conseguem aproveitar, bem como a resiliência de muitos face a situações adversas e disruptivas, tendo de ser valorado o nível socioeconómico da família e da região onde a escola se insere.
Esta tabela assume a importância que cada um lhe quer atribuir, na certeza de que os dados fornecidos pelo Ministério da Educação são tratados pelos órgãos de comunicação social com uma intencionalidade que não colhe da parte das escolas aprazimento ou interesse.
Suportados neste ranking não é legítimo concordar que a escola detentora do 1.º lugar é a melhor e a classificada no fundo da tabela a pior. Avaliem-se as escolas que melhor preparam os alunos para terem sucesso no ensino superior e os que terminam o curso superior em menos tempo e com melhor média.
Será certo que as instituições educativas continuarão a pleitear por uma escola democrática, inclusiva e geradora de sucessos, desenhando projetos educativos que correspondam às necessidades, singularidades e potencialidades dos seus alunos, que apoiam um corpo docente qualificado, que diariamente investe com profissionalismo em ser e fazer melhor.
Parabéns a todas as escolas!