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O bem-estar dos profissionais das diversas áreas de trabalho é uma temática que tem merecido análise cuidada pelos estudiosos da matéria, e sobre a qual devemos direcionar as nossas preocupações, principalmente quando abordamos a classe docente.
É percetível um sentimento de profundo descontentamento nos professores, fortemente marcado pelo intenso e prolongado braço de ferro entre o Ministério da Educação e os sindicatos, agudizando o mal-estar de uma classe merecedora de todo o respeito e carinho, fustigada por um sem-número de constrangimentos que lhes retira ânimo, motivação e o reconhecimento. Destaco a Avaliação do Desempenho, a indisciplina crescente nas escolas, a exigência burocrática que retira horas ao planeamento das atividades letivas, com prazos curtos para responder a demandas replicadas uma e outra e outra vez, mudanças (quando não explicadas) nas medidas de política educativa, elevado número de alunos por turma e lecionação em muitas turmas, entre outros fatores.
Julgo ser importante a implementação de medidas promotoras do bem-estar docente que, se algumas dependem sobretudo das escolas, outras estão na área de jurisdição da tutela, das quais realço a realização de eventos que fortaleçam a cultura de escola; a desburocratização urgente inerente ao papel/função do professor; o aumento das reuniões online; um apoio efetivo nas viagens e na estadia a docentes deslocados da sua residência habitual; e o fomento crescente de lideranças participativas.
Outros fatores contribuem sobremaneira para aumentar ou diminuir a saúde física e psicológica do corpo docente, dependendo das circunstâncias vivenciadas no dia a dia - a interferência desregulada de alguns encarregados de educação nas questões que só dizem respeito aos professores; uso indevido dos telemóveis/meios digitais por parte dos alunos; distribuição do serviço letivo e respetivo horário semanal de trabalho; relação com os membros da comunidade educativa; condições de trabalho, entre outros.
Paralelamente, as direções executivas também são sujeitas a medidas promotoras de bem ou mal-estar, consoante a (excessiva) burocracia de que enferma a sua função; o (escasso) reconhecimento e valorização do seu trabalho; vencimento (não) condizente com a enorme responsabilidade do cargo que desempenham; a avaliação dos diretores; a escassez de professores e outros recursos, entre uma infinitude de quesitos de condicionam um aprazível e salutar ambiente.
É seguro, e da mais elementar justiça, afirmar que medidas concretas, traduzidas em mais autonomia e mais confiança, farão aumentar nos profissionais das escolas o sentimento de bem-estar indispensável para que todos vivam, interajam e trabalhem melhor.