Daniel Oliveira considera que, contrariamente ao que tem sido especulado pelos media e alimentado pelo próprio partido, o Bloco de Esquerda não terá lugar no próximo Governo.
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No espaço de comentário que ocupa semanalmente na TSF, "A Opinião", o jornalista abordou a especulação sobre a entrada do Bloco de Esquerda (BE) para o Governo após as eleições. Daniel Oliveira considera que, perante uma convenção "pacífica" do partido, no último fim de semana, houve falta de assunto. "É o entretenimento que sobra", atira o comentador.
"Para o Bloco, é excelente: tira força ao voto útil no PS e dá força ao voto com utilidade no Bloco. Para a comunicação social, é excelente: dá assunto a uma convenção com pouco assunto e até permite efabular sobre possíveis ministeriáveis no partido. Só há um pequeno problema: não vai acontecer", declarou Daniel Oliveira.
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O comentador defende que há três questões que impedem o Bloco de Esquerda de fazer parte do próximo Governo.
A primeira, segundo Daniel Oliveira, é tática. Uma vez que o PCP já deixou claro que não entrará num Governo do PS, pelo menos enquanto os socialistas mantiverem as suas posições em relação à Europa - o que, para os comunistas, obriga a uma governação "com um pé na direita" - também o BE não o fará.
"O Bloco nunca entregará ao PCP sozinho todo o capital de queixa contra o PS", acredita o jornalista.
A segunda, diz respeito ao programa do próximo Governo. Daniel Oliveira considera que, se o BE não entrou no Governo em 2015, não será agora que irá entrar - já que, na altura, o programa consistia em reversões e reposições, porém, o próximo programa já não será para "emendar o passado". "As divergências serão muito maiores", afirmou o comentador.
Por último, o BE não poderá formar Governo porque, no entendimento de Daniel Oliveira, "não tem quadros para dividir o Governo com o PS nem força social para resistir à erosão de entrar num Governo sem o PCP".
"O Bloco só alimenta a fantasia da possibilidade entrar no Governo porque isso reforça a sua posição nas próximas eleições", conclui o comentador.
No entanto, esta realidade não reduz a utilidade do voto no BE e no PCP, na opinião de Daniel Oliveira: "Continuam a ser um contrapeso fundamental para que o PS governe mais à esquerda."
"Não é por acaso que o presidente da CIP pediu maioria absoluta para os socialistas. António Saraiva explicou que, assim, o PS se livra destes pesos e, assim, mais leve, poderá governar à Sócrates", atirou.
Texto: Rita Carvalho Pereira