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Da Europa chegam boas notícias. A taxa de inflação anual da zona euro teve, em março, um forte recuo, para 6,9%, e a da União Europeia abrandou para 8,3%, segundo dados do Eurostat.
Na zona euro, a taxa de inflação recuou quer face aos 7,4% homólogos, quer na comparação com os 8,5% de fevereiro.
Na UE, a taxa de inflação anual recuou face ao valor de fevereiro (9,9%), mas manteve-se acima do homólogo (7,8%).
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Claro que foi o setor da alimentação que mais contribuiu para a alta do índice de preços na Zona Euro, mas também o álcool e o tabaco. Depois, e por esta ordem, os serviços, bens industriais não energéticos e energia.
As taxas de inflação, medidas pelo Índice Harmonizado dos Preços no Consumidor (IHPC), mais baixas foram registadas no Luxemburgo (2,9%), em Espanha (3,1%) e nos Países Baixos (4,5%). Portugal perde face à todos estes vizinhos europeus.
Aliás, Portugal registou a quinta maior taxa de inflação homóloga, medida pelo IHPC, o indicador utilizado para comparações a nível europeu, de 8%, face aos 5,5% de março de 2022 e aos 8,6% de fevereiro.
Fora da Zona Euro, a taxa de inflação homóloga do Reino Unido desceu para 10,1% em março, contra 10,4% em fevereiro. Mais uma boa notícia.
Se somarmos a tudo isto as previsões do ministro das Finanças português partilhadas no programa de estabilidade, vislumbra-se alguma luz ao fundo de um túnel pós pandémico e com guerra em redor.
Fernando Medina prevê recuperar 2,7 mil milhões de euros nas principais medidas do Programa de Estabilidade. A forte receita fiscal adicional com aumentos da função pública, poupanças em benefícios fiscais e novos cortes previstos em gorduras da despesa podem gerar um retorno financeiro significativo de 2023 até 2027 e que poderá equivaler a 8% do estímulo orçamental previsto, segundo as contas do governante.
Fernando Medina vê menos nuvens no horizonte e aproveita a boleia dos bons resultados das empresas exportadoras para dizer ao país que a economia "vai crescer mais do que se previa".
Diz o governante que a inflação começa a descer mais a partir de abril deste ano e depois tende para 2% em 2027 e até os juros ajudam porque podem começar a aliviar.
Nas contas do ministro, a dívida desce e já fica abaixo de 100% do produto interno bruto (PIB) em 2025. E o défice praticamente desaparece em 2026.
O clima económico internacional vai desanuviando e os portugueses agradecem.
Neste quadro, as Finanças acreditam que é possível manter o objetivo do défice público nos 0,4% do PIB, valor que foi avançado há menos de um mês no reporte dos défices do INE. No OE2023, a meta do défice deste ano era 0,9%.
O rácio da dívida pública também cairá mais do que o previsto. No final de março, as Finanças previam 110,8% do PIB.
Agora, Medina quer ir mais longe e baixar para 107% do PIB no final deste ano. Se conseguir isto, o governo torna a fazer um corte no fardo da dívida que terminou 2022 em 113,9%. A acreditar nestas previsões, vão soprar ventos favoráveis.