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O meu tema para hoje, sexta-feira, ainda é o que Marcelo Rebelo de Sousa decidiu que seria na quarta-feira, dia em que deu posse ao governo de maioria absoluta de António Costa. O primeiro-ministro fez saber por fonte próxima (está hoje na manchete do Expresso) que a meio do mandato não está a pensar ir a lado nenhum. Não descarta o sonho europeu, mas adia-o.
Como diria um outro primeiro-ministro: "Porreiro, pá!"
Poderíamos estar a discutir o futuro do país, mas o que é isso comparado com o futuro de António Costa? Coisa de segundo plano, segundo o Presidente da República, político experimentado e analista consagrado, que bem sabia no que ia dar quando mostrar-se como tutor do destino do chefe de governo.
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Agora que Costa faz saber que adia o sonho podemos concluir uma de duas coisas:
1 - Marcelo tinha razão, o malandro do Costa estava só a fazer de conta que queria governar o país durante uma legislatura e tinha tudo preparado para ir no inverno de 2024 para a fria e chuvosa Bruxelas.
2 - Marcelo está há tanto tempo afastado do comentário político que tropeçou nas teses de outros comentadores e não percebeu que Costa fez bem as contas e já tinha decidido que só quer ir em 2027, quando a maioria absoluta tiver terminado e não houver Marcelo no Palácio de Belém.
Entretanto, parece que a alta inflação continua a diminuir o poder de compra dos portugueses, com particular importância no que diz respeito às famílias de menores recursos, mas também as de classe média que, não tarda, vão estar a pagar o que não podem pelo crédito à habitação.
Quando a vida das pessoas se começar a complicar de modo muito sério, é certo que a paz social em que temos vivido vai desaparecer. Pode ser que nessa altura, quem tem o poder, e o dever, de resolver o que está mal, e ameaça ficar pior, dirija as suas energias para aquilo que verdadeiramente importa à vida dos portugueses que os elegeram. Bem dizia o Presidente no inicio do mês, que o tempo não está para brincadeiras: "Brincar com o fogo nunca foi muito inteligente, na economia como na política, em particular em tempos de guerra", disse.