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A coroação de Carlos III e da sua mulher, Camilla, como rei e rainha do Reino Unido e de outros 14 reinos da Commonwealth foi o ponto alto da sua ascensão. O caminho não acaba agora, começa exatamente aqui, com muitos e grandes desafios pela frente. O rei Carlos III sucedeu ao trono em 8 de setembro de 2022, após a morte da rainha Isabel II do Reino Unido, que entrou numa nova era: a do "Brexit".
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Mais de seis mil militares participaram na coroação do rei Carlos III, o maior destacamento cerimonial das Forças Armadas do Reino Unido em pelo menos sete décadas. Mas houve mais, perto de 400 membros de tropas de 35 países da Commonwealth também estiveram envolvidos nas cerimónias. Ouviram-se as salvas de canhão a ser disparadas a partir de bases militares em todo o país e de navios de guerra em alto-mar, e só a chuva travou a participação de 60 aviões (ficou reduzida aos helicópteros e aos Red Arrows) nas boas-vindas formais ao monarca.
O Palácio de Buckingham engalanou-se como se estivesse tudo bem, quando o Reino Unido enfrenta dos seus tempos mais desafiantes em termos económicos e políticos. Para acalmar alguma tensão a esse nível, o príncipe Harry assistiu à cerimónia de coroação do pai, o rei Carlos III, na Abadia de Westminster, mas a esposa, Meghan, duquesa de Sussex, permaneceu na Califórnia com os dois filhos do casal, o príncipe Archie e a princesa Lilibet. A presença tentou pôr um ponto final a meses de polémica e especulação, após as entrevistas televisivas e a publicação do livro de memórias de Harry, com o título Na Sombra, no qual criticou quer o irmão quer a madrasta.
Para tentar evidenciar a alma global do Reino Unido, ainda que agora menos comprometido com a Europa, vários líderes estrangeiros foram convidados. Entre eles, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, mas também Emmanuel Macron, presidente francês, Frank-Walter Steinmeier, pela Alemanha, Ferdinand Marcos Junior, pelas Filipinas. Do lado de lá do Atlântico não compareceu o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mas a sua mulher, Jill Biden.
Aos 74 anos, Carlos III tem entre mãos o desafio de tentar recuperar o poder e influência internacional, mas também aglutinar e dar uma real coesão ao próprio reino, assegurar a sobrevivência da monarquia e modernizá-la, bem como elevar a sua popularidade, da qual nunca recuperou devidamente desde a morte de Diana. Para muitos, o futuro dependerá da sua capacidade de persuadir as novas gerações acerca dos valores e da importância da coroa. Se não o fizer, poderá ficar para a história como o último rei.