Corpo do artigo
Nesta segunda-feira, dia 12 de Setembro, enquanto o mundo assiste ao luto britânico pela Rainha Isabel II e, ao mesmo tempo, a Ucrânia está numa contraofensiva relevante para o curso da Guerra começada pela invasão da Rússia há 201 dias ... quero trazer um tema, um desafio português, europeu e mundial: as alterações climáticas.
Há umas semanas no Financial Times, o jornalista Simon Kuper escrevia como o aquecimento global vai alterar Espanha do ponto de vista demográfico, económico e político de um Sul, de um interior, cada vez mais quente. Fez-me pensar em Portugal pelas razões óbvias.
TSF\audio\2022\09\noticias\12\12_setembro_2022_a_opiniao_de_raquel_vaz_pinto
Se para nós um dos grandes problemas é, sem dúvida, a água (ou melhor a sua falta), noutras paragens do mundo é o oposto.
E, entre muitos exemplos, gostava de chamar a vossa atenção para o que está a ocorrer no Paquistão há semanas. Segundo as Nações Unidas: "Dezenas de milhões de pessoas ficaram sem casa, um terço do país está debaixo de água e as colheitas e o gado foram aniquilados."
António Guterres no terreno não teve dúvidas: "Já vi muitos desastres humanitários no mundo, mas nunca tinha visto uma carnificina climática a esta escala. Simplesmente não tenho palavras para descrever o que vi hoje: uma área inundada que é três vezes a área total do meu país Portugal."
Na verdade, nem conseguimos imaginar a escala deste desastre, que acontece num país com imensos problemas estruturais, que tem relações com os seus vizinhos muito complexas (e não estou apenas a pensar na Índia) e, em paralelo, um estado com armas nucleares.
Mais ainda, não podemos esquecer que o Paquistão é o quinto estado mais populoso do mundo com cerca de 243 milhões de habitantes (segundo o World Factbook).
Como disse António Guterres: "Hoje é o Paquistão. Amanhã pode ser o seu país, o país onde vive."
A sua expressão "carnificina climática" é forte, mas sinceramente temo que seja bastante realista.