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Todos bons rapazes e muito prudentes. Fernando Medina apresentou-se cauteloso na CPI à TAP tal como Pedro Nuno Santos.
A "TAP era o dossiê mais difícil, o mais escrutinado", afirmou Pedro Nuno Santos, ex-ministro das Infraestruturas, na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP. O que disse já todos os portugueses sabiam, mas, pelos vistos, o governo e a CEO da companhia espantaram-se com a exposição pública da empresa e com o escrutínio de que foi alvo. Uma entidade pública como esta, que foi intervencionada e na qual os portugueses colocaram mais de três mil milhões de euros, pode e deve ser averiguada, verificada, examinada.
Se hoje sabemos do caso TAP e da polémica indemnização foi graças ao escrutínio da comunicação social, que fez o que lhe compete: informar com transparência, verdade e imparcialidade, zelando pela liberdade democrática. O escrutínio é saudável, do mesmo modo que as Comissões Parlamentares de Inquérito não são um mal em si mesmas, mas antes um bem de um Estado de Direito.
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Fernando Medina, o homem das contas certas, prestou contas, teve, tal como os outros, algumas falhas de memória. Nem tudo ficou esclarecido quanto ao processo de gestão política da TAP, nem quanto às interferências ou em relação à indemnização a Alexandra Reis.
Também ficou por esclarecer como foi possível que o ex-ministro Pedro Nuno e o ex-secretário de Estado Hugo Mendes se tivessem esquecido de uma mensagem por WhatsApp que deu autorização a meio milhão de euros para indemnizar a antiga administradora.
Perante muitas perguntas e acusações da Oposição, Fernando Medina esteve calmo mas Pedro Nuno Santos foi o rei da tranquilidade. Da parte de Pedro Nuno ou Hugo Mendes poderia ter havido a tentação de apontar o dedo ou atacar António Costa ou Fernando Medina, mas isso não aconteceu. Optaram antes por minimizar os danos. Assumiram alguns erros e, no caso de Pedro Nuno Santos, escolheu a atitude e a linguagem que melhor lhe servirá a entrada na corrida à liderança do PS. Evitou o confronto direto com o governo e fez o autoelogio em relação aos resultados que alcançou na TAP.
Era esperado por muitos observadores e analistas políticos que Pedro Nuno viesse a ser o mais estridente da CPI ou o mais polémico, impulsivo ou agressivo. Mas, afinal, Pedro Nuno surpreendeu e foi mais inteligente do que a Oposição. Não tiremos os olhos dele!