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Influência, lobby. Toda a gente o faz, mas ninguém o chama pelo nome. A arte do lobbying existe em Portugal, mas continua sem regulação. Até há projectos-lei, mas nenhum avança. No entanto, é já uma realidade instituída e regulada nos Estados Unidos e União Europeia.
Não são só os grandes grupos económicos a fazer lobby, são também os políticos e os partidos e também por isso não têm interesse em regular esta prática. Também as ordens profissionais e os sindicatos utilizam esta arma, ou seja, tentam influenciar o jogo a seu favor.
Se olharmos para a definição académica, fazer lobby passa por activar mecanismos de defesa e representação de interesses para influenciar diferentes atores políticos em prol de decisões que afetam a comunidade como um todo. Precisamente por isso, diz respeito a todos e deve ser um processo transparente.
Em Portugal há uma autêntica cultura de intermediários. E há uma certa hipocrisia na forma como todos lidam com este assunto, porque está à vista desarmada, mas fingem não vê-lo.
Talvez por essa razão, de cada vez que muda um líder partidário ou um governo se volte à estaca zero, porque há novas posições a ocupar e novos grupos de interesse a satisfazer. Nas empresas não tem sido muito diferente, como nos mostra a realidade.
Regular e aplicar a lei pode acelerar o caminho para uma maior transparência de que tanto se fala nos últimos dias. Num momento de crise política, como o que se vive em Portugal, este não pode ser mais um pilar da democracia em estado de degradação.