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A cerimónia do 25 de abril deste ano soube-me a pouco. Discutiu-se muito o acessório, mas pouco o essencial.
Não se discutiu o empobrecimento dos portugueses. Não se discutiu um SNS que está disfuncional. Não se discutiu uma escola pública que, hoje, já não garante mobilidade social. Não se discutiram os temas que são essenciais para cumprir abril.
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A reboque da ameaça do Chega, bloqueou-se a cerimónia do 25 de abril. Tornámos toda a intervenção política dependente deste pequeno partido. E a discussão dos temas estruturais foram substituídos pela análise aos impropérios e faltas de educação de André Ventura e sua entourage.
A vinda de Lula, como era esperado, não nos trouxe o cheirinho a alecrim pelo contrário foi mais uma acendalha para esta fogueira do populismo. Mas sejamos sinceros se não fosse o presidente brasileiro qualquer outra desinteressante e teatral polémica iria ser fabricada pelo Chega e alimentada pelo Partido Socialista.
O Chega é a muleta política de António Costa. Estão constantemente em contracena parecendo de polos opostos, quando na verdade esta é uma relação de conveniência mútua. O Chega é o único assunto do qual António Costa pode falar sem que daí lhe advenham responsabilidades e o único tema em que aparentemente até tem convicções.
Mas só aparentemente, porque a verdade é que o governo faz demasiado pouco para combater os populistas. Para combater o populismo é preciso cumprir abril. É preciso procurar soluções. É preciso implementar reformas. É preciso criar esperança.
O 25 de abril trouxe-nos a Liberdade, mas com ela veio também mais responsabilidade. Honrar abril é aceitar e cumprir com essa responsabilidade. É ter um compromisso com a verdade. É ter as pessoas como fim da ação política. É Acreditar no futuro.
Hoje 49 anos volvidos, ainda nos falta cumprir abril, mas pior é que há pelo menos 25 anos que Portugal deixou de ter um desígnio nacional. Não temos algo que nos guie, que nos leve mais além e que constitua uma constante na governação.
A União Europeia já não é meta e o Euro já não é um objetivo. Mas a política e as reformas, não deviam ser feitas para agradar os outros, por imposições externas, mas porque são necessárias.
Só cumpriremos abril, quando aceitarmos que com a Liberdade vem uma imensa responsabilidade. A responsabilidade pelo nosso futuro.
