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Vivemos tempos muito desafiantes sobretudo em termos internacionais. Mas, por estes dias, há um acontecimento no qual nos devemos centrar: o Vigésimo Congresso do Partido Comunista da China. Há, desde logo, um aspecto que torna essa atenção muito difícil. Estamos a falar de um partido que tem uma identidade ditatorial e avessa à transparência. Dito por outras palavras: não há holofotes mediáticos.
É, para nós, um grande desafio, mas crucial. Em termos estratégicos, a rivalidade entre a China e os EUA vai subindo de tom e o leque de sectores e empresas incluídas no chamado "decoupling" económico é cada vez mais abrangente (podemos traduzir "decoupling" como separação ou distanciamento). Tendo em conta também a presença económica da China no nosso país este é daqueles temas em relação aos quais temos a obrigação de estar atentos.
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No que toca à composição do Comité Central, do Politburo e do todo-poderoso Comité Permanente e, mais ainda, perceber quem fica com os dossiers mais importantes e se a Constituição do Partido será alterada, são temas aos quais voltarei mais tarde neste espaço de Opinião. Hoje quero destacar dois pontos.
O primeiro sobre Xi Jinping. Se, de facto, o Congresso terminar com a recondução do actual secretário-geral com 69 anos será então uma pausa (ou mesmo um fim?) em duas práticas recentes na história do Partido: a de apenas 2 mandatos e a saída para quem tenha a partir de 68 anos inclusive.
Em segundo lugar, por entre os muitos auto-elogios a verdade é que a fotografia interna da China não é risonha: em especial, na economia, um sector no qual o Partido terá de fazer melhor. Para já, os sinais vindos de Beijing não apontam de todo nesse sentido.