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Portugal avança no Europeu de futebol, mas entra "noutro" campeonato. A partir de agora quem perder salta fora. Chegamos aos oitavos para defrontar mais um candidato ao troféu. Depois de Alemanha e França segue-se a Bélgica. Outro adversário para levar muito a sério.
1 - Revisão da matéria dada
O Grupo F era, de longe, o mais complicado dos seis da fase inicial do Euro, uma vez que nenhum outro incluía três candidatos, mas confirmou-se que todos tinham o potencial necessário para permanecerem em prova.
Reparem que ninguém conseguiu ganhar mais do que um jogo e a líder França só fez mais um ponto do que Alemanha e Portugal. E, vendo bem, a seleção nacional só esteve francamente mal na partida de Munique, depois de vencer claramente a Hungria e antes de empatar com os franceses num desafio em que se reabilitou com (sobretudo) uma primeira parte de bom nível.
Se quisermos traçar um paralelo com 2016, a campanha naquela altura foi bastante mais modesta (os adversários não tinham o nível destes) e, mesmo do ponto de vista exibicional, deixou muitas dúvidas a pairar. Felizmente tudo mudou depois.
Desta vez, Fernando Santos foi para a última jornada introduzindo as modificações que a situação impunha e tirou dividendos disso. Portugal passou com toda a justiça.
2 - O "novo" Europeu
Ao entrar na fase a eliminar, na prática, começa outro Europeu. Cada obstáculo é uma final, quem perder faz as malas e vai para casa. No caso português - e porque a água não corre mesmo duas vezes debaixo da ponte - estamos do lado mais complexo da chave desta etapa do campeonato.
Em 2016 caímos para o lado que tinha menos candidatos, agora tombámos para aquele que tem um menu recheado. Entre sete potenciais antagonistas estão estes cinco: Bélgica, Itália, França, Croácia e Espanha. Ou seja, para Portugal chegar à final de Londres, tem de ser ainda mais exigente e rigoroso do que já tinha sido há cinco anos. A parada foi alta na primeira fase e, como se vê, nada se altera daqui para a frente.
3 - A tal Bélgica
Uma seleção que passeou na primeira fase, demonstrando perante adversários de menor nível que era, sem surpresa, a melhor do grupo. Só que é também uma seleção que anda a prometer qualquer coisa há muito tempo, para todos os efeitos é primeira do ranking da FIFA e possui trunfos que se não se equiparam aos portugueses não andam muito longe.
Claro que o nome de Lukaku é aquele que mais depressa vem ao pensamento de todos, mas se acrescentarmos Eden Hazard, Courtois, Mertens, Vertonghen, Yannick Carrasco (e mais uma meia dúzia) até culminarmos no "cérebro" Kevin De Bruyne, enfim, digamos que estamos conversados.
Quer isto dizer que o duelo pode dar para tudo. Santos sabe-o e tentará aproveitar os pontos vulneráveis que a Bélgica também possui, como se notou na partida com a Dinamarca.
Além do mais, Portugal já mostrou que se encarar o jogo sem receios e com uma estrutura sólida é capaz de passar qualquer um. Se houve lição a tirar da primeira fase é que não podemos repetir a insegurança (até emocional) da partida com a Alemanha. E não deixar os corredores ao abandono, bem entendido...
Sendo que na defesa e no ataque não se veem razões para mudanças (apenas Diogo Dalot no lugar de Nelson Semedo se este não recuperar), falta esclarecer no que pensa Fernando Santos para a zona mais crucial do terreno, o meio-campo.
Foi uma evidência que com João Moutinho e Renato Sanches a seleção melhorou a olhos vistos e nos dois sentidos, tanto no processo defensivo como no ofensivo. Depois houve Palhinha. E, se me permitem, mesmo que Danilo esteja em condições, eu continuaria a apostar no médio leonino, atendendo inclusive à estrutura da equipa belga.
Só mais um ponto: não sei se isto se resolverá em 90 minutos, mas seria de toda a conveniência que sim. A Bélgica tem mais dois dias de recuperação e o "forno" de Sevilha também não vai ajudar-nos.
4 - Bloco-notas, segunda semana
- A Itália apresentou um futebol tão encantador quanto eficaz. Falta apurar se isto é para continuar. Se não oscilar temos aqui um dos maiores candidatos.
- Turquia e Rússia foram duas desilusões. Os turcos, então, entraram e saíram a zero. A Polónia também não fez muito melhor e nem Lewandowsky os salvou. Mas, com realismo, não há nada de surpreendente na lista de qualificados.
- Um dia alguém ainda me irá explicar que raio passou pela cabeça do guarda-redes eslovaco para, no jogo com a Espanha, atirar a bola para dentro da própria baliza num genuíno remate de vólei. É o autogolo mais absurdo do Europeu.
- As cores do arco-íris banidas do Allianz Arena. Quando se fala da defesa de direitos humanos a UEFA entretém-se a dar uma no cravo e outra na ferradura, conforme os seus próprios interesses. Assim não UEFA...