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Adolfo Mesquita Nunes considera que o país ainda precisa de aprender a lidar com as declarações "racistas e xenófobas" de André Ventura. Para o ex-deputado do CDS, as novas gerações não podem crescer a acreditar que a direita se resume à linguagem e ao espaço ocupados por André Ventura.
Começando por classificar as palavras do deputado do Chega como "inaceitáveis" - por presumirem a "devolução" de uma pessoa, como se de "mercadoria" se tratasse, "sempre que diz qualquer coisa com que não concordamos" -, Adolfo Mesquita Nunes admite que mantém uma "dúvida metodológica" sempre que ouve as declarações de André Ventura.
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O centrista mostra-se preocupado com o facto de, ao pronunciar-se sobre o que foi dito por Ventura, poder estar a "dar-lhe gás". No entanto, considera também que não pode "deixar o espaço político da direita sem o contraponto".
Ao falar sobre André Ventura, o objetivo de Adolfo Mesquita Nunes é evitar que as "novas gerações nasçam para a política convencidas de que quem não é assim tem de ir para a esquerda e para outros partidos".
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E apesar de afirmar que o comportamento do deputado do Chega no Parlamento é equivalente ao de uma "criança que está a testar os limites com os pais", o antigo deputado do CDS duvida que esta matéria tenha uma resposta institucional, como a condenação no Parlamento, proposta pelo PS - e centra as atenções, particularmente, na pessoa do presidente da Assembleia da República.
"Tenho muitas dúvidas sobre caminhos institucionais que estão na mão do Presidente da Assembleia da República [Eduardo Ferro Rodrigues], que tem critérios bastante dúbios de interpretação política e profundamente maniqueístas", atira Adolfo Mesquita Nunes. "Fui deputado durante um ano e meio e ouvi coisas, não racistas ou xenófobas, mas profundamente falsas e ofensivas", justifica o centrista.
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Na opinião de Adolfo Mesquita Nunes, a questão tem de ser tratada não de forma institucional, mas política. "Com debate, com contradição e exposição." Porque, para o centrista, não há dúvidas: as palavras de André Ventura são "uma violação clara da dignidade da pessoa".
Texto: Rita Carvalho Pereira
Artigo atualizado às 12h49