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Prestes a terminar o primeiro trimestre, de olhos postos no arranque do 2.º período, que ocorrerá daqui a quatro semanas, é a altura oportuna de fazer um balanço desta etapa que, na minha opinião, apesar das inúmeras restrições surgidas, resulta num saldo positivo.
Considero que a aplicação da medida mais drástica, principalmente às crianças que frequentam o 1.º Ciclo, motivando sucessivos isolamentos, revelou-se dolorosa e, por vezes, inadequada, uma vez que conferiu uma forte machadada na natural prossecução das aprendizagens, da desejada socialização e, consequentemente, no bem-estar emocional dos nossos alunos.
Quantas vezes, "sem dó nem piedade", a sentença é anunciada às escolas, impondo a permanência em casa de crianças ávidas do convívio, da alegria de aprender juntamente com os seus colegas e professores, num espaço que lhes é muito querido: a Escola.
Os professores tudo fizeram, fazem e farão para que as consequências do constrangimento que é ensinar e aprender à distância, sejam minimizadas, desafiando e orientando os seus discentes a adaptarem-se a uma realidade, para muitos já conhecida e desconfortável, mormente quando é acionado o ensino remoto de emergência.
Desde o início do ano letivo, algumas crianças da faixa etária dos 5/6 aos 11 anos confinaram mais do que uma vez (algumas, espantemo-nos, 4 vezes!), sendo estas as mais prejudicadas, quer no tocante à sua condição de alunos como de futuros cidadãos de pleno direito, a quem lhes foram sonegadas condições justas e equitativas. A sociedade deve olhar respeitosamente para estes casos e acompanhá-los de perto, pois toda a atenção é de menos, tendo em conta os danos, por vezes irrecuperáveis, causados pelo vírus.
No decurso das suas competências, a Direção-Geral da Saúde divulgou a posição técnica da Comissão Técnica de Vacinação contra a COVID-19, através de um texto invulgarmente acessível e claro ao senso comum, o que nem sempre acontece(u). Plenamente esclarecedor, assumindo um tom de manifesta tranquilidade, remete para os pais a decisão no concernente à toma da vacina pelos seus educandos; se alguns não têm dúvidas sobre os benefícios da mesma, outros, mais cautelosos (medrosos? prudentes?), aguardarão os primeiros resultados desta megaoperação de vacinação, procurando ansiosamente a opinião/confirmação do pediatra e/ou do médico de família.
É hora de confiar!
Neste momento, sabemos como, quando e onde se desenrolará a operação de inoculação destas crianças e jovens. O plano está montado, esperando que resulte numa enorme vitória da confiança na ciência.
É urgente confiar nas entidades que zelam pela nossa Saúde e nos profissionais que a servem; é primordial acreditar nos profissionais da Educação e apoiá-los na ação exercida diariamente junto dos seus alunos, à distância ou presencialmente.
Daqui a uma semana, as atenções estarão viradas para o acontecimento por todos aguardado com enorme expetativa, em especial pelos jovens. Creio que, para muitos, será um dia positivamente inesquecível, que fará parte de memórias futuras, percecionado de elevada utilidade para ajudar a ultrapassar os constrangimentos vividos desde março do ano passado.
Não sendo a cura para todos os males, a vacinação contribuirá para fazer decrescer o número de pessoas infetadas, reduzindo a possibilidade de contágio, e aumentando a probabilidade de viver a vida com maior liberdade.
Filinto Lima
Professor; diretor