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A campanha eleitoral pautou-se por um chorrilho de acusações, invariavelmente vácuas, em detrimento da apresentação de propostas úteis e exequíveis; os animais domésticos de certos candidatos tiveram protagonismo inusitado, e a Educação passou ao lado do interesse dos 'media' e, de forma marcada, dos discursos dos líderes políticos, como já nos habituaram nos últimos anos.
Curiosamente, alguma imprensa (principalmente escrita) tentou denegrir a imagem do ensino público, com recorrência opondo-o ao privado, ao qual reconhece virtudes, mas cegamente não deseja apontar defeitos.
Se os nossos candidatos políticos não atribuíram o "tempo de antena" cabível à Educação, devo relembrar-lhes que as escolas necessitam de estabilidade.
A dicotomia Escola Pública versus Escola Privada é palco de múltiplas injustiças, caindo-se facilmente no logro das generalizações, para descontentamento de todos os profissionais de excelência que tudo fazem, para além do que lhes é devido, para manter na linha da frente a qualidade das aprendizagens e o sucesso de um ensino que não só é para todos, mas também conta com todos.
Se os nossos candidatos políticos não atribuíram o "tempo de antena" cabível à Educação, devo relembrar-lhes que as escolas necessitam de estabilidade e, por isso, é forçoso levar à prática o que tanto alardeiam quando estão na oposição e que desdenham quando assumem o poder: um Pacto para a Educação.
Duas legislaturas (8 anos) será o tempo mínimo aconselhável de duração do ensino das matérias, para que não se modifiquem ao sabor dos ventos eleitorais.
Entre outras matérias, existem duas merecedoras de um consenso alargado, evitando-se que estejam permanentemente ao livre-arbítrio de quem comanda os destinos do país: o curriculum e a avaliação externa dos alunos.
Duas legislaturas (8 anos) será o tempo mínimo aconselhável de duração do ensino das matérias, para que não se modifiquem ao sabor dos ventos eleitorais, embora sejam admissíveis eventuais ajustes; os alunos, professores e encarregados de educação assim o desejam, de modo que sejam favorecidas práticas consistências, consolidadas e monitorizadas.
A avaliação externa dos alunos é uma área que os políticos não se abstêm de alterar quando chegam ao governo, independentemente dos resultados prévios positivos da que esteve em vigor. Por um lado, deparamo-nos com o exagero de provas finais e exames, por outro, o das provas de aferição, lançando as escolas para flutuações propiciadoras de confusões e descontínuos que se deveriam reprimir.
Estas medidas, se adotadas, contribuirão para o aumento da confiança nos nossos políticos e nas políticas que se desejam ver executadas para benefício dos atores educativos, sedentos da estabilidade que alavanca oportunidades e um melhor desempenho de todos.