
Caros ouvintes, hoje falo-vos da COP 28, que decorre no Dubai.
Esta é uma reunião de nível global que reúne mais de 60.000 pessoas, governantes, especialistas e empresas, para discutir as alterações climáticas. Todos com o mesmo foco: um futuro mais verde.
Nas últimas duas décadas assistimos a uma acelerada consciencialização da opinião pública sobre os riscos das alterações climáticas. Já ninguém os nega, mas a inércia para os contrariar continua a ser demasiado grande.
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Se por um lado, se pedem alterações estruturais sobre as economias, principalmente em termos do consumo de energia, por outro urgem mudanças comportamentais necessárias que as sociedades ainda não assimilaram ou a que, pura e simplesmente, resistem. Também a falta de estratégias, o medo ou o simples "empurrar do problema com a barriga", são realidades com que nos debatemos.
Uma coisa é certa: a mudança vai acontecer. Mais vale estarmos preparados para ela e abraçá-la o quanto antes.
Nesta COP28 será apresentado o chamado Balanço Global: um relatório que avalia os avanços mundiais no combate às alterações climáticas e em que medida é necessária uma correção de rumo. E serão discutidas e definidas as estratégias mais eficazes para atingir as metas definidas no Acordo de Paris.
Há uma conclusão que podemos já tirar: o combate às alterações climáticas é um esforço de todos. Dos países, dos governos, das empresas, e também de cada um de nós.
Hoje, 55% da população mundial vive em centros urbanos, e a expectativa é que em 2050 esse número atinja os 70%. Torna-se óbvio o papel que as cidades terão neste futuro mais verde.
Enquanto autarca, não posso nem quero fugir deste futuro. Por isso, aqui estou nesta COP 28.
Sei que é função dos governos nacionais, mas também o é dos locais, adotar e induzir comportamentos mais sustentáveis.
Por exemplo, se queremos que as pessoas deixem de usar maioritariamente o transporte individual, temos de incentivar essa mudança. Temos de criar melhores condições para a utilização do transporte coletivo, temos de assegurar uma melhor oferta, uma experiência confortável e segura, com um preço reduzido ou, como temos em cascais, gratuito.
Temos de estar conscientes de que, se os incentivos positivos não forem suficientes, teremos de adotar medidas restritivas que limitem a utilização do automóvel.
O que digo não é um desejo nem futurologia, é a realidade. Abracemo-la e comecemos já a preparar um novo futuro. As gerações mais novas assim o exigem e nós o devemos.