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João Galamba não assumiu nenhuma das responsabilidades que Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, achava que deveria ter assumido. Portanto, pode concluir-se pelas palavras que proferiu, aos microfones dos jornalistas, que continua a considerar que o ministro não tem condições para continuar no Executivo.
O Presidente da República fez uma curta declaração à saída do Palácio de Belém, na qual frisou que a (dura) posição assumida na comunicação ao País mantém-se, mesmo depois da audição do ministro das Infraestruturas na CPI da TAP. "Mantenho exatamente o que disse há 15 dias. Disse aos portugueses a minha posição e mantenho-a hoje. Estou a acompanhar tudo o que se passa e só irei pronunciar-me quando o entender. Entendo que agora não devo pronunciar-me. E o único porta-voz da Presidência sou eu".
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Na altura, António Costa fez ouvidos de mercador e disse quem mandava no governo. Ao país, explicou que quem escolhe quem fica ou deixa de ficar no governo é ele. Desde então, o braço de ferro aumenta de tensão e Costa parece agora ficar refém da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, bem como o governo tendo em conta os vários membros que terão de sentar-se naquela cadeira. O próximo é o ministro das Finanças, Fernando Medina.
Na prática, o primeiro-ministro colou-se ao destino de João Galamba e agora, inevitavelmente, vai sofrendo o desgaste político desse aparente ato de coragem e que foi tão elogiado por tantos socialistas.
Por coincidência, ou talvez não, Costa não compareceu na habitual reunião de quinta-feira com o Presidente da República, tendo-se deslocado a Coimbra para o concerto dos Coldplay no Estádio Cidade. A música é boa, mas não deixa de causar estranheza a sua ausência do palácio. A dita reunião ficou para o dia seguinte.
Passou mais uma semana e os portugueses assistem a uma novela sem fim, sem esclarecimentos e a um degradar da imagem dos governantes e das instituições.