"A Opinião" de Pedro Pita Barros, na Manhã TSF.
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Com o aproximar do tempo de eleições, ir-se-á novamente falar do crescimento da economia portuguesa como medida de sucesso das políticas económicas deste Governo, numa tendência que começa já a surgir.
Podemos discutir longamente se o crescimento da economia nos últimos deve, ou não, ser uma medida de sucesso do Governo. Mas para o fazermos convém que se conheçam os factos, pelo menos.
Primeiro facto: desde 2015 até 2018, Portugal cresceu um pouquinho mais rápido que toda a zona euro, devido sobretudo ao bom crescimento de 2017.
Segundo facto: se olharmos para o que se passou nos últimos 20 anos, Portugal teve sempre crescimento económico abaixo dos outros países da zona euro (apesar de em 2009 também ter "afundado" menos). Logo, estes últimos anos acabaram por ser um dos melhores períodos, mesmo que não tenham sido de aproximação aos outros países na capacidade de gerar riqueza.
As previsões dos serviços da Comissão Europeia, acessíveis na internet, indicam para 2019 e 2020 um crescimento económico essencialmente similar em Portugal e na zona euro.
Ou seja, a discussão a que iremos assistir nos próximos meses será pouco útil se baseada apenas num ano diferente dos outros, sendo difícil julgar as políticas económicas de quatro anos por esse número. Estes anos foram de crescimento económico, mas similar ao dos outros países da zona euro. Em termos relativos, mantiveram-se as diferenças.
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Se olharmos para previsões de futuro, para a capacidade de crescimento potencial, as previsões da Comissão Europeia colocam a economia portuguesa num caminho similar ao do resto dos países da zona euro.
Há quatro anos, um grupo de economistas do PS, partido então na oposição, e foi liderado por Mário Centeno, apresentava um relatório a que chamaram "Uma década para Portugal" , onde tinham os valores ambicionados para um conjunto de medidas na área económica. Por esse padrão, o crescimento económico observado ficou aquém dessas expectativas, que de qualquer forma pareciam demasiado otimistas. Mas ainda não apareceu o equivalente a esse documento nos partidos que hoje são oposição ao Governo.
Assim, o crescimento económico dos últimos anos não deverá ser um argumento eleitoral marcante, nem para um lado nem para o outro. O mais provável é que venham a surgir como temas mais quentes a dívida pública e o crescente défice comercial, e se a economia portuguesa está preparada, ou não, para uma nova recessão internacional que possa surgir.