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Os portugueses fazem e refazem contas para acomodar a alta generalizada de preços a que estão sujeitos. Depois da pandemia, que já tinha feito disparar os preços de alguns produtos, e também serviços como transportes de contentores, fretes e logística, agora a guerra na Ucrânia agudizou a situação. Massas, pão, óleo, rações, carne, leite e ovos são alguns dos produtos que poderão ver o preço subir esta semana e nas próximas. Mas não só, a fatura mais visível e imediata da guerra afeta o preço dos combustíveis, que já bateu máximos de 16 anos. E apesar do preço do petróleo já ter abrandado nos mercados internacionais nos últimos dois dias, nada disso ainda se sente nas bombas de combustível.
No caso dos alimentos, "não vale a pena ir a correr aos supermercados, não está em causa o abastecimento de produtos nas prateleiras de supermercados", alertou esta semana o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira. Na última semana, as prateleiras ficaram mais vazias não por receio de falta de stocks, mas para tentar poupar alguns euros na conta mensal de supermercado.
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No que toca aos combustíveis, apesar de alguns apoios anunciados pelo governo, seja via do autovoucher, seja do ISP através do IVA, famílias e empresas mantêm-se em estado de alerta máximo. E já há organizações privadas que ameaçam falência devido aos custos incomportáveis com a energia. Das indústrias que dependem do petróleo e gás, até às transportadoras que precisam de gasóleo como de pão para a boca, há hoje uma angústia no ar relativamente ao que será o futuro.
As economias europeias estão, regra geral, muito dependentes do petróleo e gás, nomeadamente do que vem da Rússia, e só a independência energética e a aposta séria nas renováveis poderá minorar os impactos desta escalada. Mas essa corrida de fundo, com olhos no médio e longo prazo, leva tempo a erguer e a cumprir, por isso muitos dos atores económicos pedem uma atuação mais rápida, mais imediata.
No caso dos camionistas, já chegaram a admitir greve e até um buzinão na ponte 25 de abril, fazendo lembrar os tempos de contestação que ocorreram durante uma outra maioria absoluta, a de Cavaco Silva. O primeiro-ministro António Costa, agora no seu segundo mandato e curiosamente também com uma maioria absoluta, ainda não teve de enfrentar um buzinão, mas o cenário não deve ser descartado.