Nem todos tiveram a felicidade de passar um Natal quentinho, cheio de presentes e paz. Os conflitos no mundo sucedem-se e o fim que se vislumbra para alguns, como o da Ucrânia, apenas serve interesses diferentes da reposição da legalidade territorial de uma nação soberana.
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A solução apresentada, se fosse um medicamento para uma doença, só serviria para mascarar a dor. Com o tempo, o problema surgiria mais forte e destrutivo. Este é o preço que estamos a pagar por nos termos deixado colonizar por políticos sem o mínimo sentido democrático, sem ponta de genialidade, sem empatia para com os que sofrem.
Os novos senhores do mundo são gente guiada por interesses económicos e expansionistas. O bem-estar da comunidade pouco interessa. A grande discussão deve centrar-se em entender como chegámos a esta encruzilhada e de que forma podemos reencontrar o caminho dos padrões mínimos de decência, antes de chocarmos de frente com um grande muro de não retorno, uma via de sentido fechado traçada por homens como Trump e Putin.
Todos os esforços de paz, na Ucrânia, na Palestina, no Sudão ou noutro território martirizado qualquer, serão sempre respostas incompletas se não tivermos como prioridade a formação e a informação. A ascensão ao poder de políticos populistas, xenófobos e com tendências expansionistas resulta em boa parte do desconhecimento da História e da mudança nos hábitos de consumo da informação.
A maravilhosa tecnologia que nos permite usufruir de prazeres inimagináveis também nos retirou capacidade de questionar e de aprofundar: saber que houve uma grande guerra na Europa nos anos 40 do século passado não chega, é necessário perceber por que razão aconteceu; no mesmo sentido, não basta ler um título e meia dúzia de linhas para conhecermos a notícia.
Esta tendência do consumo à velocidade da luz está a empobrecer o pensamento crítico das sociedades. É contra esta realidade que devemos também lutar, tendo presente que a História nos ensinou que há direitos básicos que demoraram décadas a conquistar, enquanto perdê-los acontece num abrir e fechar de olhos. E a questão é exatamente essa: temos de estar vigilantes e de olhos bem abertos.
