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Vamos ter uma Ministra da Defesa: Helena Carreiras. Da minha parte só posso dizer que há poucas pessoas que conheçam tão bem as nossas Forças Armadas.
Ouvi muitos elogios, mas também alguns comentários exasperantes. A Susana Peralta num artigo no jornal Público na passada sexta-feira arrumou muito bem a questão.
Mas, há, de facto, uma dimensão muitas vezes sub-reptícia, outras mais consciente, para a qual é preciso olhar e de frente: a ideia pré-concebida que as mulheres, por serem mulheres, estão menos preparadas ou predispostas para a guerra e para as decisões difíceis que qualquer guerra acarreta.
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Este «argumento» (se é que o podemos chamar assim) é, desde logo, revelador de uma ignorância histórica profunda. Chamo ao palco, entre muitas, a Rainha Isabel I de Inglaterra, que derrotou a Invencível Armada de Felipe II, e Indira Gandhi, que derrotou o Paquistão no início da década de setenta e levou mesmo à independência do Bangladesh.
Há tantas outras tais como Madeleine Albright, que morreu na passada semana. Poderia estar horas a falar do seu percurso, da sua história de vida e das suas decisões à frente da política externa dos EUA.
Uma das minhas citações preferidas é esta: "Não me encontro entre aqueles que acreditam que se o mundo fosse apenas governado por mulheres as guerras desapareceriam. A capacidade humana para o erro e para a estupidez está uniformemente distribuída. Mas a história deste século diz-nos que a democracia leva à paz. E o senso comum diz-nos que a democracia não é possível sem a participação plena das mulheres."
Não me parece que Madeleine Albright impecavelmente maquilhada e com imensa pinta, tenha passado a imagem e a substância de alguém com pouca disposição para tomar decisões difíceis.