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Na próxima 5.ª feira o país ficará sabedor do que a 2.ª quinzena de março lhe reservará, podendo a possibilidade de o regresso à escola afigurar-se realidade já a partir de 15 do corrente mês ou ser adiada para depois da Páscoa.
Defendo que a estratégia do governo deverá eleger o regresso faseado, gradual e espaçado no tempo, atendendo aos níveis de escolaridade, faixa etária dos alunos, procurando priorizar os mais novos. Posto isto, as incógnitas incidem não só na data apontada para o início da 1.ª fase do desconfinamento escolar, mas também no calendário que se determinará para as fases seguintes, importando ainda perceber o intervalo entre as mesmas.
Os decisores políticos advogam a massificação dos rastreios, prevendo-se o reforço dos testes rápidos, que já tiveram início há algumas semanas, embora aplicados a um universo mais reduzido de profissionais, tendo como alvo os professores e pessoal não docente, atualmente, em funções nas escolas.
O ministério da Educação continuará a reforçar os orçamentos das escolas para aquisição dos equipamentos de proteção individual, introduzindo como novidade a utilização de máscaras para os alunos do 1.º Ciclo, quando por decisão favorável dos encarregados de educação. Não sendo obrigatório, alguns destes discentes já as usaram no período letivo passado e, estou convicto, um número superior assumirá atitude semelhante ao regressar à escola.
A eventual vacinação dos professores e pessoal não docente é garante da renovação da confiança das comunidades educativas, devendo ser adotados critérios como a idade, localização, entre outros igualmente plausíveis. Porém que fique claro que a vacinação não é condição obrigatória do retorno ao presencial, mas, ainda assim, desejável.
Realço que as escolas permaneceram abertas para responder às necessidades de alguns alunos e famílias, contando com o apoio e dedicação de profissionais abnegados que os supervisionam, apoiam e/ou ensinam em presença (professores, técnicos e assistentes operacionais).
A decisão de António Costa merecerá a atenção de todos os portugueses, pois percebe-se o exercício difícil em encontrar um equilíbrio entre a necessidade imperiosa de promover o desconfinamento e a obrigatoriedade de, pela nossa saúde, continuarmos a permanecer nos nossos lares. Conseguirá a harmonização que urge promover?
A opinião presidencial recomenda mais uns dias em ensino à distância, mas a saúde mental dos nossos jovens e a realização das aprendizagens (aquisição/recuperação/consolidação) impele a regressar. Qual destas posições prevalecerá? Ou existirá uma terceira?
Enquanto aguardam a ansiada comunicação, os professores continuam a trabalhar com afinco, dedicação e solidariedade, demonstrando espírito colaborativo, merecedor dos mais francos elogios. Sendo a profissão reconhecida (finalmente!) como essencial, é justo tratar efetivamente os professores como tal, melhorar a sua condição profissional, alterar o processo atual e injusto de avaliação de desempenho docente, incrementar políticas conducentes à dignificação e valorização desta carreira tão nobre.
Estes 12 meses de pandemia forçaram alguns a desviar a atenção dos problemas que continuam a afetar o sistema educativo, e impõe-se relembrar um dos principais: a escassez de professores. Apesar de ser tema recorrente, realçado pela dificuldade de recrutamento destes profissionais desde o início do ano letivo, principalmente em algumas regiões do país e em determinadas disciplinas (cada vez mais), inexiste indício sério da tutela em pretender alterar vil destino.
Se os nossos políticos não manifestarem atitudes pró-ativas, a próxima pandemia, inquietantemente previsível, será dirigida à Educação, devido ao impacto prejudicial causado pelo défice de docentes.
O primeiro-ministro deverá anunciar a "vacina" que imunize contra tal profecia. Seria ouro sobre azul!