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A partir da próxima 3.ª feira, o ano letivo entrará na reta final de um percurso que se tem vindo a constituir duro, trabalhoso e muito desafiante para as escolas.
Como habitual, será o período mais curto dos três tradicionais (para as escolas que não optaram pela semestralidade), mas nem por isso de menor importância ou responsabilidade.
Perspetivando um abrandamento da pandemia e dos seus efeitos nocivos, aspira-se ao regresso à tão necessária normalidade, cientes, todavia, que o uso da máscara em contexto de sala de aula e espaços fechados continuará a ser obrigatório no interior das escolas por mais algum tempo, determinação que já não colhe unanimidade no seio da comunidade educativa, sendo expectável que venha a ser eliminada ainda durante as atividades letivas. Na verdade, é importante observar as regras preconizadas pela Direção-Geral da Saúde, mesmo que pareçam um contrassenso se comparadas com as aplicadas a outros espaços fechados onde inexiste idêntica imposição.
Considero que estas discrepâncias de atuação deveriam produzir o esclarecimento devido aos portugueses, que não compreendem critérios com dois pesos e duas medidas, mormente as circunstâncias que levam a retirar a proibição em época de crise. É indubitavelmente insuficiente afirmar que "ainda não é tempo para deixar cair as máscaras obrigatórias nos espaços públicos interiores" sem avançar com alguma previsão dessa possibilidade (admito que seja difícil), pois é de bom-tom sustentar a posição com critérios quantitativos, o que não se apresenta uma novidade para quem comanda a Saúde dos portugueses.
Na tomada de decisão, todos os fatores devem merecer uma ponderação cuidada. Há que pesar em consciência os prós e os contras, percebendo a dimensão dos danos causados às crianças e jovens, logo à partida, de foro psicológico, como barreira a uma convivência plena e salutar, inibindo o conhecimento dos rostos e das expressões dos seus professores (e vice versa), só possível no ensino a distância, o que não se afigura a melhor contexto. Seguramente os mais novos estranharão bastante quando as suas educadoras e os seus educadores comparecerem na sala sem esse acessório, indumentária impensável antes de março de 2020.
Estou convicto de que o instrumento de trabalho dos docentes saiu lesada com a necessidade da colocação da máscara. A voz, essencial para os professores, foi prejudicada por uma mordaça que, se há uns meses se revelou essencial, cada mais se assume como um estorvo para o dia a dia das pessoas, principalmente para as que a usam durante horas prolongadas a falar. O esforço suplementar realizado pelos
professores no uso da sua voz deverá merecer cuidados, através de programas/projetos de intervenção nos tempos futuros.
Na agenda das escolas e de um número considerável de alunos, as provas de aferição do ensino básico e os exames finais do ensino secundário têm subjacente um imenso trabalho burocrático e de logística, que preencherá parte importante desta última etapa do calendário letivo, mas também do calendário escolar, uma vez que algumas realizar-se-ão após a conclusão das aulas.
Faço votos que, a partir do próximo dia 19, possamos regressar à escola com força e energia revigoradas para enfrentar os desafios exigentes de mais um período letivo, dando alento a todos os alunos, àqueles cujos resultados não foram os esperados, motivando-os para se manterem envolvidos no trabalho que lhes permitirá atingir o sucesso que almejam. Devem ser criadas oportunidades para aqueles discentes que tendo obtido resultados satisfatórios ou bons possam, assim, atingir a excelência, tudo fazendo para que ninguém fique aquém do que pode realizar, potencializando ao máximo as capacidades de cada um, pois neles depositamos a nossa esperança e o nosso futuro.