Corpo do artigo
A carga letiva dos nossos alunos é na generalidade, mas principalmente em certos anos de escolaridade, incomensuravelmente elevada. Acresce a este facto a necessidade de muitos alunos verem alargado o seu tempo de permanência na escola, o que lhes retira oportunidades de poderem realizar atividades mais livres, bem como a possibilidade de se dedicarem a não "fazer nada"!
Tendo um calendário de trabalho definido desde muito cedo, que abrange atividades cronometradas ao minuto, quase sem pausas para respirar, estes jovens são escravos do relógio, qual mandatário das tarefas a cumprir, em algumas circunstâncias, submetidos ao jugo dos progenitores, que tudo lhes tentam disponibilizar (impingir?!), em nome da felicidade (?) e da obtenção do sucesso, preenchendo os tempos vazios para desgosto de alguns (muitos?!).
Há pais e encarregados de educação que se esquecem da urgência de momentos para o ócio, tão importante para a vida dos seus queridos filhos: estar sem fazer nada é preciso!
Contribuir para o aumento da qualidade de vida dos mais jovens, recorrendo ao dolce far niente, paralelamente a outras iniciativas que fazem as delícias dos mais jovens (piqueniques nos espaços públicos designados para o efeito; jogos e brincadeiras em parques e noutros espaços exteriores), será fomentar estreitamento de laços, o bem-estar físico e psicológico e a felicidade de toda a família.
As nossas crianças e jovens necessitam que lhes incutam práticas de brincadeira, prescindindo da formatação que o dia a dia já lhes presenteia, permitindo-se-lhes libertar energia e pressão, explorar e recriarem-se com amigos e família, ainda, em muitos casos, evitar o uso do chamado "comprimido da inteligência", fármaco com composto de metilfenidato, prescrito a quem pretensamente foi diagnosticada "perturbação de hiperatividade e défice de atenção".
As escolas têm também um papel importante nesta matéria. Ao criarem departamentos de bem-estar e felicidade, monitorizando amiúde os seus alunos, intervêm sobremaneira nestas áreas fulcrais, promovendo e apoiando o desenvolvimento saudável dos seus discentes. As gerações futuras agradecerão as mais-valias proporcionadas, para além das indispensáveis aprendizagens.
É tempo de dar tempo e de ter tempo. As nossas crianças e jovens devem ser ouvidas, pois merecem ter margem de liberdade de escolha para o lazer e o ócio, dispensando um pesado horário diário de um trabalhador, não necessitando de tantos espartilhos para uma melhor qualidade de vida