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Concluída mais uma pausa para as seleções - que correu muito bem aos portugueses - aí está o regresso da Liga e logo com direito ao primeiro clássico do campeonato. O campeão FC Porto joga em Alvalade perante um renovado Sporting e, por mais voltas que se dê (isto é, apesar do líder se deslocar a Vila do Conde), o duelo entre leões e dragões é o prato-forte da ronda 4.
Há várias ângulos pelos quais se pode encarar a partida, mas há dois pontos que saltam para a primeira linha da projeção ao jogo. Para começar, o desafio realiza-se depois do fecho do mercado de transferências, o que coloca aos dois técnicos desafios suplementares relacionados com a arrumação dos respectivos onzes.
Logo à cabeça, Sérgio Conceição terá de lidar com a nova era de um FC Porto pós-Danilo e, sobretudo, pós-Alex Telles. E, em paralelo, o aproveitamento que pode fazer de peças que foram chegando entretanto, desde Taremi a Felipe Anderson, passando por Sarr ou Grujic. É por aqui que passa a principal curiosidade, nunca esquecendo que a já referida paragem do campeonato também trouxe algumas limitações à preparação e à (re)construção da equipa.
Algo de semelhante poderá dizer-se do Sporting, cabendo a Ruben Amorim decidir de que forma vai encaixar as mais recentes contratações com destaque, acima de todos, para João Mário que constitui uma mais-valia de que os leões claramente necessitavam. Embora a ausência de um verdadeiro ponta de lança se continue a notar, algo que o técnico leonino deverá contornar com a tal "mobilidade" na frente de ataque.
O segundo aspecto a reter para este clássico tem a ver com o facto de ambas as equipas estarem a três pontos do Benfica com apenas três jornadas realizadas. No entanto, as razões são distintas : o FC Porto porque já perdeu uma partida (precisamente na ronda anterior) e o Sporting porque tem menos um desafio (jogo em atraso com o Gil Vicente).
Seja como for, mesmo levando em linha de conta que estamos numa fase muito prematura da competição, nenhum deles está interessado em ver o Benfica afastar-se mais, caso as águias vençam o Rio Ave. O FC Porto, como qualquer candidato, sabe que não pode perder pontos em dois jogos consecutivos ; o Sporting também não quer derrapar porque fica sempre com a hipótese de colar aos encarnados se ganhar o encontro em atraso com os gilistas.
Como sempre, um clássico é um duelo de resultado imprevisível. Há sempre um dos antagonistas a quem é atribuído um ligeiro favoritismo - e, neste caso, por ter mais argumentos individuais e colectivos será o FC Porto - mas nada disto é garantia seja do que for. Quantas vezes o andamento da partida determina exatamente o contrário?
À distância, o Benfica vai seguir com atenção o desfecho do jogo de Alvalade. Pode sempre contrapor - e Jorge Jesus fá-lo-á, certamente - que as águias só devem preocupar-se com o Rio Ave, porque nada podem fazer em relação ao duelo dos outros rivais. E, para quem está na situação atual dos encarnados, é mesmo recomendável que não se distraiam com terceiros, pois sabem que permanecem líderes isolados se somarem os três pontos, como têm feito desde o início da prova.
De qualquer forma, convém não esquecer que o Benfica vai entrar em campo já conhecedor do resultado de Alvalade. Não que isto deva interferir com a abordagem ao confronto com os vilacondenses, mas é importante saber com que quadro vai deparar-se caso consiga vencer. Se assim for, saberá, por antecipação, a quem pode "ganhar" pontos : FC Porto, Sporting ou ambos?
Agora, como é norma, existe uma diferença entre querer e fazer. Claro que o Benfica é favorito, mas tal como os rivais terá de lidar com as condicionantes ditadas quer pelo fecho de mercado, quer pela paragem do campeonato. E, por exemplo, será fundamental o modo como a equipa vai agir no processo defensivo, criticado pelo próprio Jesus na última jornada, tendo em consideração que o Rio Ave pode ser problemático nas transições ofensivas. Já agora, avançará a dupla Otamendi/Vertonghen para o eixo da defesa?
De resto, a equipa orientada por Mário Silva, sublinhe-se, ainda não perdeu esta temporada, somando as partidas do campeonato e da Liga Europa. É certo que regista cinco empates, mas ainda ninguém se esqueceu da forma como deixou a cabeça em água ao Milan. E impedir o Benfica de ganhar já seria um problema para Jorge Jesus.
Para fechar, uma chamada de atenção para o Santa Clara. Para já, é o segundo classificado e, nesta jornada, desloca-se a Paços de Ferreira. É para continuar a surpreender?