A Opinião desta segunda-feira é assinada por Pedro Pita Barros.
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29 de março de 2019. É a data para acontecer a saída do Reino Unido da União Europeia.
Ficam a faltar no final desta semana menos de dois meses, e ainda não se sabe como se vai processar, economicamente e politicamente.
A União Europeia e o mercado único assentam na ideia, forte, de livre circulação de mercadorias, pessoas e capitais.
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Ao sair da União Europeia, o Reino Unido deixa de ter essas liberdades dentro da Europa. Portugal não deixará de ser afetado, diretamente e indiretamente.
Na liberdade de circulação das pessoas, a redução do número de visitantes ingleses a Portugal irá colocar desafios. A procura de turistas de outras nacionalidades é possível e já estará a ser tentada. Além dos turistas, há os ingleses residentes em Portugal, alguns reformados, que terão um período de transição, mas será possível continuarem por cá.
O outro sentido de movimento de pessoas é a emigração de portugueses para o Reino Unido, e aqui a falta de mão-de-obra que se irá sentir por lá irá provavelmente facilitar no imediato a continuação da sua ida e permanência. Mas a prazo há incerteza, e essa incerteza resultará num menor interesse do Reino Unido como destino de emigração.
Temos depois as exportações e as importações. Aqui, muito dependerá do que seja a evolução da cotação cambial da libra inglesa, por um lado, e as regras administrativas referentes a tarifas a aplicar e verificações nas fronteiras, por outro lado. Quanto à parte cambial, quando se soube o resultado do referendo que ditou o Brexit houve uma desvalorização da libra, mas foi apenas temporária, e voltou-se depois a alguma normalidade na evolução. Poderá voltar a suceder um efeito mais fraco do que o previsto. Mais problemática será a parte administrativa, e, a dois meses de distância, ainda não se sabe como será o relacionamento comercial futuro. Poderemos ser muito, pouco ou nada afetados, consoante a solução que seja encontrada.
Por fim, os movimentos de capitais. A grande dúvida é se Londres continuará a ser um grande polo da atividade financeira, ou se grande parte dela se moverá para algum ponto da União Europeia. Nesta área é pouco provável que Portugal seja diretamente afetado.
Como não há experiência de um país sair da União Europeia, será um processo novo para todos, exigindo preparação prévia, das empresas portuguesa e do Governo, para reagir com rapidez se for necessário a efeitos inesperados.