Corpo do artigo
O cenário macroeconómico inscrito pelo governo no Orçamento do Estado para 2023 dificilmente vai confirmar-se. A inflação, pelo que indicam as previsões, deverá ser mais alta e não há sinais de abrandamento da alta dos preços da energia tal como não há indicação de desaceleração das taxas de juro.
Esta semana, o ex-ministro da Economia e atual economista-chefe da OCDE, Álvaro Santos Pereira, alertou que "o panorama económico é muito difícil" . Em nome da OCDE, referiu que "o cenário central não é uma recessão global, mas um abrandamento significativo do crescimento da economia mundial em 2023".
Na última sexta-feira, o Orçamento do Estado para 2023 foi aprovado, mas, perante tudo isto, corre o risco de ficar desfasado rapidamente. O PS deu-lhe luz verde e pouco mais. O Livre e o PAN chegaram a acordo com o governo em várias propostas. Aliás, o grande vencedor é o Livre com uma dúzia de propostas aprovadas, depois o PAN com mais quatro. Pequenos partidos, próximos do governo, e a quem as cedências, apesar de várias, não fazem mexer o ponteiro na balança das contas do orçamento do país. Toda a restante esquerda e a direita contou pouco para a equação.
TSF\audio\2022\11\noticias\27\27_novembro_2022_a_opiniao_de_rosalia_amorim
Quanto ao Chega e à Iniciativa Liberal não houve entendimentos. Aliás, o Partido Socialista quis claramente traçar uma linha vermelha e distanciar-se da direita mais à direita, recusando construiu pontes em conjunto. O governo também não foi generoso com o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda, ex-partidos da Geringonça, e deu-lhes pequenos bombons de Natal.
Quanto ao maior partido da oposição, o PSD, a maioria absoluta fez duas pequenas cedências, uma no alargamento do uso dos PPR na amortização do empréstimo da casa em 2023, que permite o resgate sem penalizações fiscais antes de decorridos cinco anos; e outra - de louvar - que permite às famílias abater no IRS parte dos gastos com assinaturas periódicas de jornais e de revistas, incluindo assinaturas digitais. Um sinal de incentivo à leitura e acesso à informação.
Para finalizar, uma nota de pesar pela morte de Fernando Gomes, antigo futebolista do Futebol Clube do Porto, que foi duas vezes bota de ouro e uma referência para muitos da minha geração pelo seu trabalho, empenho e atitude, sinónimo de grande elegância e muitos, muitos golos.