Corpo do artigo
Testamos hoje quatro vezes mais do que testávamos há exatamente um ano e, por isso, estamos com o dobro dos novos casos registados diariamente. Não fosse a vacina, a que os portugueses aderiram massiva e livremente, e estaríamos com as enfermarias entupidas e sem vagas nas unidades de cuidados intensivos. O número de mortes voltaria a ser de várias dezenas todos os dias.
Passamos de número um mundial para meio da tabela europeia na dose de reforço, mas apelando ao nosso melhor espírito natalício esta evidência não tem de se traduzir em algo necessariamente mau. É certo que o atraso se fica a dever, apenas e só, a um processo de vacinação que já não conta com um militar que teve de regressar à Armada para assumir a liderança desse ramo das Forças Armadas, mas é uma boa altura para ouvirmos o que nos está sempre a dizer a Organização Mundial de Saúde: enquanto os países ricos já estão a dar a terceira dose, aqui ao lado, em África, tentam chegar à vacinação de 20% da população.
TSF\audio\2021\12\noticias\24\24_dezembro_2021_a_opiniao_de_paulo_baldaia
Se fossemos mais altruístas, poderíamos confirmar que seria também em nosso beneficio que houvesse uma distribuição de vacinas mais equitativa, impedindo que, em zonas do globo onde circula com total liberdade, o vírus procura adaptar-se para nos vencer, produzindo variantes que obrigam a comunidade científica a correr permanentemente atrás do prejuízo. O vírus tem-se mostrado seguramente mais inteligente que a espécie humana. E, por cá, vai ficando.
Este Natal, em que muitos de nós não podem ainda reencontrar a família, é uma boa altura para nos lembrarmos dos outros. Testar antes da festa não nos desobriga de seguir as regras que melhor protegem os que estão à nossa volta, mantendo a distância sempre que possível, retirando a máscara apenas para comer e beber, lavando as mãos constantemente.
Faço votos de que tenham todos um bom Natal!